Avanços
«O sucesso é uma consequência e não um objectivo»,
Gustave Flaubert
Definitivamente, há avanços para Portugal devidamente reconhecidos a nível internacional. Já não é a primeira vez que saliento os avanços no domínio das energias renováveis, mas não é todos os dias que a aposta portuguesa nas energias limpas merece honras de destaque no prestigiado jornal norte-americano The New York Times (NYT).
Portugal foi recentemente citado pelo NYT como um exemplo a seguir, a propósito da iniciativa de Barack Obama. O Presidente dos EUA estabeleceu metas ambiciosas de produção de energia eléctrica a partir de energias renováveis: 20 a 25 por cento até 2025. É sublinhado pela publicação que Portugal conseguiu, em muito pouco tempo, atingir valores consideráveis de produção de energia a partir de fontes renováveis, o que permitiu, nomeadamente, a significativa redução da factura de importação de energia eléctrica e a redução do recurso a fontes de energia fóssil.
Recuos
«Ganham-se melhor as guerras pelos estratagemas, mas governa-se melhor pela franqueza»,
Textos Taoístas
Recuso-me a aceitar que nós somos um país de gente mediana. Mas confesso que, às vezes, tenho dificuldade em dizer o contrário. Na mesma semana em que voltávamos a ter alterações nos spreads de dívida pública por agravamento do risco de crédito da República Portuguesa, os principais partidos políticos portugueses afinavam as suas baterias na tradicional «rentrée» apontando o dedo uns aos outros.
“O PS não cede a nenhuma chantagem, a nenhuma ameaça. Nós não temos medo”, disse José Sócrates, numa espécie de resposta às afirmações de Pedro Passos Coelho que foi claro no seu discurso: “Ou o PS começa a governar ou então deixe os outros governar”. Está lançada a guerra fria PS-PSD em que o «armamento nuclear» andará entre o orçamento de Estado para 2011 e a iniciativa social-democrata de revisão constitucional. Pelo meio, adia-se a necessária reunião de consensos em torno dos temas que condicionarão inevitavelmente os próximos meses de continuidade da crise que atravessamos: o rigor na aplicação do orçamento, a necessidade de redução da despesa pública, a eficiência do aparelho do Estado, as bases de relançamento da economia nacional e o pensamento estratégico sobre o que queremos para Portugal nos próximos anos.
Será difícil imperar o bom senso, mas é absolutamente necessário que tal aconteça. O projecto de um Portugal moderno, mais competitivo e voltado para o progresso não só é um desejo, como tem de ser uma realidade incontornável, uma vez que não há mais espaço para desvios no caminho a percorrer. Na pré-campanha para as eleições presidenciais, as cabeças dos concorrentes encontram-se sob a espada dos mercados internacionais que continuam a escrutinar negativamente o desempenho de Portugal em matéria orçamental e de sustentabilidade da sua política económica. É importante que o discurso do combate político não seja dominado por questões de caserna, mas sim pelo desígnio nacional, afinal o sentido mais nobre do mais alto magistrado da Nação.
Quadro Resumo da semana
AVANÇOS O destaque dado pelo The New York Times à experiência portuguesa nas energias renováveis. RECUOS
A pobreza do discurso da rentrée política dos principais partidos políticos portugueses.
Balanço da semana
RECUO – Quando continuamos a braços com o apertado escrutínio internacional sobre o desempenho da economia portuguesa, não há espaço para discussões centradas no mero combate político-partidário. Será necessário mais. Ideias claras para Portugal. Essas tardam em aparecer. E isso é mais do que um impasse. É um recuo.
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