5 de julho de 2010

Mercados Lusófonos


Avanços


 


«A liderança é uma poderosa combinação de estratégia e carácter. Mas se tiver de passar sem um, que seja estratégia»,


Norman Schwarzkopf


 


Chegámos a meio do ano. No virar de página do semestre, cheira a Verão, como cheira todos os anos nesta época. Conjectura-se sobre o que serão as temperaturas das próximas semanas, e como se combaterão os incêndios da época estival. Prognostica-se sobre os reforços do defeso futebolístico dos ditos «grandes». Mais uma vez, surge o «vox-pop» dos que partem de férias e dos que ficarão em casa, resultado de uma crise que aperta o cinto dos portugueses.


Desta vez, o virar de página do semestre transporta consigo aumentos de preços e de impostos, convergindo num só sentido: «austeridade». Em todos os sentidos. Até no mais inesperado, como no negócio que envolve a PT e a Telefónica sobre um dos principais activos da Telecom portuguesa: a Vivo. Sócrates decidiu ser «austero». A Telefónica foi longe demais, ao considerar que podia recorrer apenas e só às regras do mercado, bastando para isso aliciar os accionistas privados de referência da PT (todos eles apertadinhos de liquidez nos dias que correm…), sem considerar a necessária abordagem ao Estado Português. Com esta movimentação, os espanhóis acharam que podiam prosseguir em frente, como faca que corta manteiga no Verão. Afinal, porque razão iriam ter dificuldades??? Portugal não é um país com debilidades orçamentais? Com empresas em grandes dificuldades de liquidez? Subjugado aos interesses das grandes economias europeias? Então, qual seria a dúvida? «A Telefónica quer, a Telefónica tem», pensaram assim todos os que, no dia seguinte à eliminação de Portugal do Mundial, (precisamente pela selecção espanhola), não duvidariam do negócio mais do que certo.


Quando já se faziam contas, o Estado Português utilizou, na Assembleia Geral da PT, os direitos que lhe são conferidos pelas acções tipo «A» que detém naquela empresa, desde o momento da privatização. Afinal, porque razão toda a gente aparece agora com um ar de espanto relativamente a este tema? Não foram estas as condições de participação no capital da PT desde o início? Porque razão todos acharam que o Estado iria fazer um papel perfeitamente passivo em toda esta história?


Sócrates poderá não ter vivido os seus melhores dias durante o semestre que agora acaba, mas fechou-o convicto, determinado e de carácter na defesa dos interesses do país. Portugal não está em «saldo», nem a «saque». Não é assim, de qualquer maneira, nem a qualquer preço.


Soa a ridículo quando se invocam ideologias de política económica: proteccionistas contra neo-liberais… Como se, nos dias que correm, estas ideologias tivessem alguma aderência à realidade da crise que todas as teorias vem pondo em causa.


Naturalmente que o Verão está aí, e a temperatura irá aquecer… mas, a atitude do governo ao accionar os direitos especiais que detém sobre as decisões de gestão da PT revela uma posição de defesa dos interesses nacionais. Sócrates não permitiu mais um golo «fora de jogo»… E bem. O Estado Português conta, e tem de ser levado em conta pelos accionistas da PT.


 


 


Recuos


 


«Um líder é alguém que sabe o que quer alcançar e consegue comunicá-lo»,


 Margaret Thatcher


 


Nunca acreditei nesta selecção portuguesa. Por isso, propositadamente, não escrevi uma linha sobre a campanha de Portugal no mundial da África do Sul. Mas, agora que estamos «fora», escrevo com o à-vontade de quem não apostou na equipa escolhida por Queiroz. Nem mesmo quando Portugal ganhou por sete à Coreia do Norte. Fiquei sempre com a ideia de que havia fragilidades estruturais. A equipa já não apresenta a estrutura forte do Euro 2004 e do Mundial 2006. Faltam valores e… falta liderança. E isso ficou patente no pós-Mundial. Jogadores que se excedem, comentadores que se «esticam» e interesses que se cruzam.


Recordo-me que, à hora em que se decidia sobre o futuro do negócio Telefónica-PT-Vivo, de relevante interesse para o país, Carlos Queiroz ocupava a antena com uma conferência de imprensa que mais parecia uma «missa».


Não vale a pena, porque a «alma foi pequena». Afinal, estamos a falar de uma equipa descaracterizada, com muitos equívocos que não foram resolvidos, com estrelas que não brilharam (ex: Cristiano Ronaldo) e com obreiros que se destacaram, mas que não foram acompanhados na sua luta (ex: Fábio Coentrão).


Que sirva de lição. Afinal, para se ser vencedor, é preciso apostar mais nos que têm vontade de demonstrar. As estrelas que quiserem brilhar são bem-vindas, sobretudo se contribuírem incondicionalmente para o colectivo. Mas, para que tudo funcione, é preciso haver liderança.




Quadro Resumo da semana







AVANÇOS 


A defesa dos interesses nacionais no negócio Telefónica-PT-Vivo. 


 


RECUOS
O esperado fim da selecção nacional no mundial de futebol.


 


Balanço da semana


 


AVANÇO – Portugal conta. Pena é que haja empresários portugueses que tenham dificuldade em considerar que há Nação para além dos mercados. A utilização dos direitos que o Estado Português tem numa das empresas de referência no nosso país deve servir para uma profunda reflexão sobre o sentido da Nação portuguesa para a nossa classe dirigente.

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