14 de junho de 2010

Mercados Lusófonos

Avanços


 


«A nossa pátria, para fazer-se amar, deve ser amável.»,


Edmund Burke


 


O todo é mais do que a soma das partes, caso contrário, a noção do colectivo deixa de fazer sentido. Só existe valor resultante do colectivo se as partes rumarem no mesmo sentido. É do valor do colectivo que nascem as famílias, as equipas, as associações, as organizações, as empresas e… as Nações.


A 10 de Junho, Portugal teve o seu dia. Desta vez, celebrado em Faro. Cerimónia de discursos e de condecorações dos portugueses que mais se notabilizaram pelos feitos e contributos para o colectivo. Tive oportunidade de ver a cerimónia em directo na televisão, e senti orgulho de pertencer a este «colectivo-Nação» quando vi serem distinguidos portugueses cientistas, investigadores, médicos, professores, empresários, artistas. É desta diversidade que vive o colectivo e que se valoriza o resultado do colectivo.


Por uma vez, julguei eu que os órgãos de comunicação social iriam destacar o 10 de Junho pela positiva, isto é, por aquilo que se celebra: a Nação Portuguesa. Mas não. Há uma certa ideia na classe jornalística que o lado positivo das coisas não é interessante. Trinta e cinco anos depois da «revolução dos cravos» ainda paira no ar das redacções o estigma de que celebrar a Nação é uma espécie de exortação dos nacionalismos do Estado Novo.


E então, escolhem-se as vias mais simples: os apupos ao Primeiro-Ministro e a principal citação do discurso de Cavaco Silva quando se referiu à “situação insustentável” que Portugal atravessa. Foi a notícia de abertura dos noticiários na rádio e na televisão, logo a seguir à hora do almoço no feriado de quinta-feira.


Resisto em aplaudir as condecorações dos portugueses que não deixam de acreditar no seu país. Melhor para os que acreditam neste colectivo, pois desses «reza a História». Pior para os que continuam à procura da efémera crítica, do circunstancial apupo e da particular palavra de que se tira uma ilação qualquer.


Numa equipa, há os que jogam para ganhar, têm um rumo e um objectivo. Do papel desempenhado por cada um depende o resultado do colectivo. Os outros, devem seguir-lhes os exemplos.


 


Recuos


 


«O modo mais eficaz de seres útil à tua pátria é educares o teu filho.»,


 Ramalho Ortigão, em «As Farpas».


 


No dia seguinte, a celebração da Nação e do seu povo era substituída, em notícia de abertura, pelo relatório da comissão parlamentar ao caso «PT-TVI». O que muitos se esforçavam no feriado em explicar aos filhos o que é Portugal, ser português, o povo, a cidadania, no dia seguinte tinham dificuldades em explicar a essência do Estado.


Um Primeiro-Ministro que, supostamente, sabe de um negócio entre duas empresas, supostamente para, dessa forma, alterar a linha editorial de uma estação de televisão, e que disse que não sabia no parlamento… Meses a fio de intensa actividade da comissão parlamentar de inquérito para saber se o Primeiro-Ministro mentiu ou não mentiu aos deputados, terminava num relatório em que a palavra «mentira» não figura, em que o relator, questionado pelos jornalistas refere que não é necessário que a palavra figure no relatório para que se conclua que José Sócrates sabia do negócio antes de falar à Assembleia da República…


Um Primeiro-Ministro, representante do poder Executivo, é inquirido pela Assembleia da República, que detém o poder Legislativo, e que ajuíza, meses depois, milhares de horas dispendidas depois, que faltou à verdade… Esquizofrenia, é a palavra que me ocorre.


Tentem explicar isto aos vossos filhos… É melhor não.



 
Quadro Resumo da semana


 







AVANÇOS


O dia 10 de Junho é o dia de Portugal. É em momentos de crise que os portugueses ouvem o chamamento da união e fazem as maiores reflexões sobre a forma de contribuir para o colectivo. Portugal distinguiu os portugueses que se distinguem pelos seus exemplos.


 


RECUOS


 Uma comissão de inquérito do órgão com poder legislativo tenta julgar um Primeiro-Ministro, representante do órgão com poder executivo. Meses depois, conclui que não se aplica a palavra «mentira», mas pode ter faltado à verdade. Exemplo de horas dispendidas inutilmente…


 


Balanço da semana


 


AVANÇO – Todos os exemplos dos que contribuem de forma positiva para o resultado do colectivo são poucos para que se despertem as consciências dos portugueses para o caminho que queremos percorrer enquanto Nação. E a distinção dos melhores obrigatoriamente ofusca o apupo, a crítica fácil e a trica política.

Avalie este artigo 1 estrela2 estrelas3 estrelas4 estrelas5 estrelas
Loading ... Loading ...

Comentários (0)

Escreva o seu nome e email ou faça login com o Facebook para comentar.