30 de novembro de 2012

Mercados Lusófonos

Avanços

 

 

 

«A coragem conduz às estrelas, e o medo à morte»,

 

Lucius Annaeus Seneca

 

 

 

Há momentos em que sentimos orgulho de sermos portugueses. Sábado ao serão, senti orgulho pelo exemplo dado por José Mourinho.

 

 

Não é todos os dias que temos um português que ganha tudo o que há para ganhar numa época desportiva: taça, campeonato e liga dos campeões. Indiscutivelmente, fica no topo do mundo dos treinadores de equipas de futebol, aos 48 anos, ainda com um longo percurso pela frente.

 

 

Mourinho não colhe consensos. Venerado por uns, indesejado por outros, o seu inconfundível estilo irónico e determinado, muitas vezes confundido por falta de humildade e arrogância, é «apenas» a sua forma de estar na sua vida profissional. Exigente com todos e com ele próprio, objectivo, com visão e com uma estratégia, traça metas ambiciosas que persegue até à exaustão. Enfim, todas as características de um líder que levam ao reconhecimento do colectivo.

 

 

Os feitos do treinador português são um incontornável exemplo de empreendedorismo e da capacidade de vencer, especialmente nos momentos que vivemos. Inicia a sua carreira em Portugal, passando por Barcelona, quando há apenas doze anos seguia os passos do seu mestre Louis Van Gaal (que agora venceu na final da Liga dos Campeões). Depois, somou sucessos à frente do FC Porto, Chelsea, Inter de Milão, estando praticamente confirmado o seu ingresso no Real Madrid. Onde chega, chega sem medo e determinado a vencer. Aprende a língua e a cultura locais, e rapidamente aprende como lidar com os jornalistas, os dirigentes e o «mundo» dos seus jogadores.

 

 

O português Mourinho «escolhe» a equipa que quer treinar. Recordo-me que, estando ainda em Inglaterra, questionado se iria treinar a Selecção Portuguesa, respondeu que tinha ainda um longo percurso para fazer, nomeadamente por Itália e Espanha, antes de tal suceder. E aí está. Provavelmente, o próximo treinador de Portugal.

 

Mourinho é referência no futebol mundial pelos resultados, pela sua capacidade de liderança, pela sua determinação. É português, teve coragem, e venceu. É um exemplo nosso.

 

 

 

Recuos

 

 

 

«A liderança é uma poderosa combinação de estratégia e carácter. Mas se tiver de passar sem um, que seja estratégia»,

 

Norman Schwarzkopf

 

 

 

Claro que as «trapalhadas» sobre a aplicação das novas taxas de IRS merecem o lamentável rótulo de «recuo» da semana.

 

 

Apesar dos esclarecimentos do Ministério das Finanças, nada consegue apagar as hesitações dos últimos dias: primeiro, Sócrates anunciou a intenção de iniciar o aumento da retenção a partir do segundo semestre, o que provocou uma antecipação dos pedidos de subsídio de férias. Depois, um dos Secretários de Estado avançou com a possibilidade da retroactividade a Janeiro, o que levantaria problemas legais. Finalmente, o vem uma nota de esclarecimento do Ministério de Teixeira dos Santos, definindo Junho para as alterações, semeando o caos sobre os serviços administrativos do Ministério e de todas as Empresas que processam os salários dos seus trabalhadores.

 

 

As hesitações geram insegurança, não traçam um rumo claro e não são um bom prenúncio da orientação e liderança de que Portugal precisa.

 

 

 

Quadro Resumo

 

 

 


AVANÇOS
José Mourinho, Português, Melhor Treinador do Mundo.

 

 

 


 RECUOS
 Ziguezagues da governação. Por menos, um Presidente da República já dissolveu a Assembleia da República há bem pouco tempo… Só que o tempo não está de feição e as eleições presidenciais daqui a um ano retiram esses «graus de liberdade».




Balanço

 

 

 

AVANÇO – Se apregoar a cultura do «exemplo» é a via anti-depressiva para Portugal e para os portugueses, então aqui está o antídoto. Mourinho é exemplo de um português determinado, trabalhador e vencedor. Infelizmente, um verdadeiro contraste face à ausência de rumo e de estratégia que as semanas teimam em revelar.

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