16 de abril de 2010

Mercados Lusófonos

Avanços


 



«Quem não tem conselho, perde o seu e o alheio»,


Provérbio Popular



 


O encontro do «grupo do Euro», que antecede a cimeira do Ecofin, em Madrid, deverá ter merecido, certamente, o aplauso de Medina Carreira. Defensor de que, se não somos capazes de gerir as nossas contas, então que venham outros que o saibam fazer, não pensaria que a evolução fosse tão rápida, considerando as posições defendidas por Olli Rehn, comissário europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros.


 


 


A avaliar pela tendência generalizada de incumprimento do Pacto de Estabilidade e Crescimento (20 dos 27 Estados Membros não cumprem), e pelo nervosismo de Bruxelas sobre esta matéria, é cada vez mais provável que propostas como a União Europeia ter a possibilidade de rever os orçamentos nacionais antes da sua aprovação parlamentar em cada país, possam vir a vingar.


 


 


Rehn defende que se poderá tratar de uma medida para precaver situações difíceis, pelo que reitera a necessidade de um acompanhamento preventivo.


Tenho de dar razão a Medina Carreira e a Olli Rehn, por mais que tal medida soe a menos graus de liberdade na independência dos Estados. É que o risco sistémico de incumprimento do PEC, nomeadamente para a zona Euro, leva a que os Estados Membros que cumprem tenham que pagar pelos que não cumprem.


 


 


A adopção de uma medida deste tipo poderia deixar-nos mais descansados, pois disciplinaria as opções dos governos, contribuindo para um melhor nível de sustentabilidade dos países.


 


 


 


Recuos


 


 


«Não há vergonha nenhuma em se ser pobre, mas é deveras incómodo»,


Sidney Smith


 


 


Embaraço. Pode ser o melhor termo encontrado para o sucedido na visita de Estado do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva à República Checa. O episódio desenrolou-se numa conferência de imprensa conjunta no Castelo de Praga, capital checa, quando o Presidente Vaclav Klaus opinou sobre a evolução do défice. Com o eurocepticismo que lhe é reconhecido, Klaus referiu que lhe parece algo “inimaginável que alguns países europeus possam admitir determinados défices”.


Klaus tem razão. Na realidade, é preciso que chefes de Estado de economias que, até há bem pouco tempo, estavam atrás de Portugal no ranking europeu nos confrontem com as nossas obrigações e responsabilidades.


 


 


A comitiva presidencial, que é composta, entre outros, por empresários portugueses, corre o risco de passar por alguns embaraços. Afinal, que cartão de visita os portugueses apresentam a economias como a República Checa, quando o desempenho global do Estado Português apresenta as fragilidades que apresenta?


Pior. É que Cavaco Silva sabe que Klaus tem razão, e pouco ou nada pode fazer para além de desejar que as coisas possam vir a melhorar…


 


 


 


Quadro Resumo


 






AVANÇOS – Pode ser um avanço perverso, mas é mais disciplinadora do que negativa a corrente que defende que os orçamentos dos países da UE sejam alvo de apreciação comunitária antes da sua aprovação nos parlamentos locais.


 


 






RECUOS – Os embaraços da comitiva portuguesa na visita de Estado à República Checa


 


 


 


Balanço da semana


 


 


RECUO – Pode parecer lateral, mas é sintomático. O desempenho da economia portuguesa começa a ser um empecilho como «cartão de visita» dos empresários portugueses que querem fazer os seus negócios com o exterior. O que se passa na visita de Estado à República Checa é sintomático do impacto que a gestão política tem na economia de um país. Estarão os políticos sensibilizados para as consequências?

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