12 de março de 2010

Mercados Lusófonos

Avanços



 


«É triste pensar que a natureza fala e que o género humano não a ouve»,


Victor Hugo


 


Á procura do euro perdido. Bem poderia ser o desafio a lançar para um país lindo que temos, cheio de natural esplendor, fortemente reconhecido por quem nos visita, mas longe de ser valorizado por quem desconhece o potencial da natureza do nosso território.


 


Neste contexto, é de louvar a iniciativa da Liga para a Protecção da Natureza (LPN), ao anunciar o desenvolvimento de uma campanha para classificar o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina como Parque Nacional. A biodiversidade e os valores naturais da região são os argumentos utilizados para que Portugal passe a ter mais um Parque Nacional, uma vez que actualmente só tem com essa classificação o Parque Nacional da Peneda-Gerês.


 


O Sudoeste Alentejano e a Costa Vicentina são dos últimos redutos da natureza selvagem, no seu estado original, que temos na Europa, motivo mais do que suficiente para valorizarmos o que é nosso e para promovermos o nosso país como um destino ímpar pelas condições naturais que oferece.



 


Recuos


 


«Vão-se os anéis e ficam os dedos»,


Provérbio Popular


 


O Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) vem propor uma nova vaga de privatizações. Algumas voltam novamente à lista, sendo já difícil de acreditar que alguma vez tal vá ser exequível (afinal, alguém acredita na privatização da TAP, a qual é alvo de uma intenção de privatização pela enésima vez?). Apesar das boas intenções que presidiram à elaboração do PEC, os graus de liberdade são cada vez menores. Na realidade, quando olhamos para a rigidez que os salários da função pública representam do lado da despesa, concluímos que a margem de manobra já não existe. Os ganhos de eficiência na máquina do Estado podem ser alcançados, mas o que daí pode resultar já é muito menos do que é preciso. Então, a receita já não é a que decorre da política, mas da crua e dura realidade económica. È a capitulação dos ideais aos pés do inevitável. Vivemos um tempo em que a tentação demagógica rapidamente é superada pelos avisos do país real: depois de dois trimestres consecutivos a crescer, ainda que ligeiramente, a economia portuguesa caiu 0,2 por cento nos últimos três meses do ano passado, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE). Assim como um paciente que, perante o queixume, recebe cuidados paliativos quando a cura passa por uma profunda intervenção cirúrgica.


 


Penso que a venda dos «anéis» não será suficiente para alimentar a máquina do Estado, aquele «monstro» de que Aníbal Cavaco Silva falava há uns anos atrás. Estamos cada vez mais perto de perder a independência na política orçamental. Não estarei longe da verdade se pensar que esta será a derradeira oportunidade para Portugal se mostrar credível perante os seus parceiros da UE e perante os mercados. Só me vem à memória as palavras proferidas por Medina Carreira quando afirma que, se nós não conseguimos gerir o nosso orçamento, então que venham outros com essa competência.


 


Não perco a esperança na nossa capacidade de reacção positiva perante as adversidades. Mas começa a ser precisa uma enorme dose de perseverança.


 


Quadro Resumo da semana


 







AVANÇOS 



  • A iniciativa da Liga para a Protecção da Natureza ao iniciar uma campanha com vista à promoção do Parque do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina a Parque Nacional.


 


 







RECUOS



  • PEC – a derradeira oportunidade para mantermos a soberania na política orçamental, agora, com a economia portuguesa em contexto de risco de recessão técnica.

 


 


Balanço da semana


RECUO – agonia. É a palavra da semana. Depois da aprovação do PEC, surge mais um «grito» da economia real: a economia portuguesa caiu 0,2 por cento nos últimos três meses do ano passado. A realidade supera a demagogia.

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