Leões rugem pouco em português

26 de Junho de 2012 em Atualidade

Leões rugem pouco em português

Para Portugal há quem diga que esta foi uma das piores edições dos últimos cinco anos em Cannes. As inscrições bateram o número recorde, com cerca de 234 trabalhos nacionais a concurso, mas, apesar disto, foi uma das prestações nacionais menos premiadas. A falta de preparação dos portugueses é, segundo José Manuel Costa, Presidente Grupo GCI e jurado na categoria de Relações Públicas, a principal causa para este cenário: “eu acho é que nós não preparámos Cannes, ou seja, não basta inscrever. É preciso preparar e é preciso fazer um trabalho pré-Cannes, perceber o que se passa a nível internacional e perceber a grande competição que existe em Cannes. Há países que estão a chegar a Cannes que têm muito bem trabalhado as delegações, tanto a nível dos próprios jurados, como a nível das apresentações”, como são os casos de países da América Central e da Europa de Leste. Segundo José Manuel Costa, o ponto fraco da participação portuguesa em Cannes prendeu-se com “a falta de objetividade e assertividade da apresentação dos projetos”. Um balanço menos positivo para Portugal, que deve levar, segundo o Presidente do Grupo GCI, a uma reflexão na indústria publicitária nacional [1].

André Rabanea, Diretor Geral da Torke e jurado na categoria “Direct”, acredita que a participação portuguesa poderia ter sido melhor, apontando o vencedor do Festival do Clube de Criativos Portugueses como um possível premiado, caso tivesse sido apresentado no Cannes Lions. A atual conjuntura económica e a consequente falta de dinheiro para as inscrições é, tal como afirma Andre Rabanea ao Diário Económico, o motivo que levou à ausência de alguns trabalhos.

O número de prémios para Portugal não atingiu as expectativas, mas houve distinções importantes para a criatividade nacional: quatro leões de bronze e dois prémios nos Young Lions, um deles, leão de ouro.

Para Vasco Perestrelo, Diretor Geral da MOP e representante do Cannes Lions no nosso país, o sucesso da participação portuguesa no festival deste ano não pode ser medido apenas pela quantidade de Leões trazidos na bagagem. (ver vídeo principal)

Recordamos, então, que a Torke [2] recebeu um leão de bronze em Relações Públicas com a iniciativa “Galeria de Arte Urbana”, criada para a Câmara Municipal de Lisboa. Jurado nesta categoria, José Manuel Costa revelou ao Imagens de Marca os requisitos [3] para que os trabalhos em vídeo tenham impacto no júri do festival.

A agência DraftFCB [4]foi distinguida com dois leões de bronze em Imprensa, pelos trabalhos desenvolvidos para a Beiersdorf Portugal, com a campanha dos Preservativos Harmony XL-Fit, e para a alfarrabista Avelar Machado, com um projeto sobre a Antique Bookstore.

Em Design, o bronze foi para O Escritório [5], tendo como protagonista do prémio a imagem do Canal 180.

Na competição Young Lions, Portugal chegou ao ouro [6] através da dupla Afonso Ferreira, da Lintas e Francisca Oliveira da JWT. A categoria era Marketing e o projeto intitulava-se Cereals for Shareals. Foi o segundo leão que Portugal trouxe para casa nesta competição, depois de a dupla Joaquim Costa e Ricardo Ferreira terem conseguido o bronze [7] na categoria de Media.

Com menos prémios ganhos em Cannes, as consequências para Portugal são a perda de terreno no festival, como afirma Vasco Perestrelo: “os resultados deste ano têm uma correlação com o número de júris que depois nós conseguimos levar a Cannes. Pode só, nesse capítulo, ter algum efeito, menos um ou mais um júri do que tivemos este ano. Mas em geral, em relação à nossa capacidade de criar, acho que não há inferência estatística nos números. Em termos de impacto na nossa criatividade, o facto de não termos ganho tantos prémios este ano, acho que não vai ter grande efeito. Acho que contribui mais para mantermos cá o Eurobest, que vai acontecer outra vez este ano em Lisboa, em Novembro. Isso vai dar um maior incentivo à criatividade em geral e compensar esse efeito de desentusiasmo por não termos ganho tantos prémios este ano”.

Durante uma semana muitos foram os trabalhos criativos apresentados nas 16 categorias a concurso e vários os leões distribuídos aos projetos que se conseguiram distinguir dos restantes. Apesar da fraca prestação portuguesa na Riviera Francesa, Vasco Perestrelo aponta a fórmula de sucesso [8]para uma melhor prestação portuguesa na edição de 2013 festival Cannes Lions. 

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