É necessário assumir riscos, aprender com os fracassos e assumir uma atitude empreendedora. Esta é uma das possíveis leituras retiradas por quem marcou ontem presença no ISCTE durante a abertura da Semana Global do Empreendedorismo, um evento realizado em várias cidades portuguesas, mas também em mais de 130 países, e que inclui vários debates, seminários e workshops.
O objetivo é incentivar novos empreendedores a pôr em prática as suas ideias de negócios, estabelecendo uma ponte entre os criadores e potenciais colaboradores. Estimular a criação de novas empresas e, deste modo, novos postos de trabalho é a intenção da APBA, Associação Associação Portuguesa de Business Angels, e pela SEDES, Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, entidades organizadoras da iniciativa.
As indústrias criativas foram eleitas como o tema principal para esta 5ª edição.“Escolhemos as indústrias criativas, porque nos apercebemos que em Portugal é um setor de elevado poder comercial, ao nível da arquitectura, do design, da gastronomia, da produção de conteúdos. Estas indústrias têm um peso cada vez maior na nossa economia, ainda que muitas vezes isso não seja reconhecido. Se juntarmos aqui a nossa capacidade dos portugueses, de sermos criativos com o potencial de crescimento destas indústrias, eu acho que temos um caminho interessante para seguir”, começou por explicar João Trigo da Roza, Presidente da APBA.
Na sessão de abertura, Guta Moura Guedes, nomeada embaixadora portuguesa da Semana Global do Empreendedorismo, também fez questão de salientar a importância das indústrias criativas para o desenvolvimento da economia portuguesa. “Durante muito tempo, viu-se a Arte como sendo algo separado do sistema económico. Na minha perspetiva era um erro de leitura. A Arte nunca esteve em momento algum separada do sistema económico. Os mecenas não eram mais do que financiadores ou do que investidores”, explicou a responsável, referindo que a Arte é uma produção humana, e, como tal, tem um valor financeiro e de mercado. É, por isso, que pode desempenhar um papel relevante no atual contexto económico.
Um contexto que parece estar a obrigar os portugueses a saírem da sua posição de conforto. “Aquilo que eu noto como «Business Angel», e apoiando novos projectos, é que o português é cada vez mais empreendedor e é um empreendedor de maior qualidade. Não é só aquele empreendedor de pura necessidade, mas de oportunidade”, afirmou João Trigo da Roza, explicando que este empreendedor é normalmente o jovem licenciado ou mestrado, que lança a sua empresa já com uma ambição global. Mas o que é preciso para se ser um bom empreendedor?
Existem um conjunto de características que ajudam a definir este profissional, mas, na opinião de Diogo Horta e Costa, Administrador da Biodroid, um caso de sucesso no desenvolvimento de videojogos e aplicações apresentado durante a conferência, ser-se empreendedor “é um misto de loucura, de uma grande coragem e uma grande resiliência.” Mas nem todas as pessoas podem, de facto, ter estas características. “Ser-se empreendedor é muito complicado, é muito difícil, é muito exigente. Requer imensa coragem, imensa auto-estima e perseverança. Tem que se acreditar naquilo que se faz e isso nem sempre acontece em todas as pessoas”, afirmou depois Guta Moura Guedes.
Durante a sessão, e uma vez que as indústrias criativas estavam em destaque, surgiu o debate em torno do criativo-gestor. Duas atividades distintas, mas que parecem poder ser conciliadas. “Um bom criativo pode ser um bom gestor. Conheço gestores que são muito criativos que vieram da indústria criativa. Há um preconceito como se fosse uma coisa antónima da outra. Uma coisa não atrapalha a outro, pode até ajudar”, afirmou Edson Athaíde, atualmente escritor e ex-publicitário brasileiro, que ergueu a sua própria empresa e trabalhou em diversas multinacionais.
Antes ainda da sessão terminar, destaque para a presença de Cristina Amaro, diretora editorial da olhoazul, e autora do programa Imagens de Marca, que passou a sua mensagem inspiradora à audiência ao explicar o seu projeto, que nasceu fruto de um sonho, mas que ao final de 8 anos e meio emprega já cerca de 20 pessoas. Um projeto vencedor, a servir de mote para o arranque da Semana Global de Empreendedorismo, que vai decorrer até ao final desta semana.
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