25 de junho de 2008

Histórias de Marca

Vídeo: campanha Bob & Dave da Budweiser Budvar. Veja mais anúncios da marca no Museu da Publicidade, aqui.


 


Budweiser. Uma marca que encerra alguma controvérsia. Duas cervejas diferentes, de nacionalidade diferente, partilham o mesmo nome. A ocidente, a Budweiser, a cerveja norte-americana mais vendida do mundo, produzida pela gigante Anheuser-Busch. A leste, a Budweiser, fabricada na República Checa pela Budejovicky Budvar. Coincidência ou não, a guerra é já travada nos tribunais e não tem fim à vista. Ambas as empresas reclamam para si o uso exclusivo do nome.



Para percebermos a origem da marca checa temos de recuar a 1265, ano em que a cidade de Ceske Budejovice, na actual República Checa, foi fundada pelo rei Premsl Otakar II. Depressa surgiu a permissão real para que todos os cidadãos pudessem produzir cerveja. Durante os séculos, e até ao dia de hoje, a produção de cerveja foi ininterrupta, sendo a designação Budweiser aplicada às cervejas produzidas naquela cidade desde o século XIV. Já a empresa checa de produção de cerveja só foi fundada em 1895, quase 20 anos depois da rival norte-americana. No início do século (1911), as duas empresas firmaram um acordo no qual a Anheuser-Busch se comprometia a não utilizar a designação Budweiser na Europa e concedia a expressão “Original” à cerveja checa. O acordo durou até as duas empresas encetarem o seu processo de internacionalização.


 


Ainda antes da Lei Seca entrar em vigor nos Estados Unidos já a cerveja checa tinha chegado ao mercado norte-americano. A II Guerra Mundial infligiu um forte revés no crescimento da marca. A ocupação nazi e, no pós-guerra, a inclusão da Checoslováquia no bloco comunista condicionaram de forma marcante o desenvolvimento da Budejovicky. Em contrapartida, a Anheuser-Busch já se tinha tornado a maior empresa de cervejas do mundo e rapidamente desrespeitou o acordo ao passar a vender na Europa com as designações Bud ou Budweiser.


 


Mais uma vez foi o curso da história que alterou o posicionamento das duas empresas. A queda do muro de Berlim e do bloco comunista, a Revolução de Veludo e a separação da Checoslováquia em dois países criaram no âmago do povo checo um sentimento de orgulho e de defesa dos valores e símbolos do país. A marca Budweiser, enquanto motivo de orgulho para o povo checo, teve assim uma nova corrente de defensores e o tema da designação voltou em força na década de noventa.


 


Dezenas de processos em tribunal, em mais de 80 países, têm sido o resultado desta guerra da cerveja. Muitos países europeus foram obrigados a tomar posição.   Na Alemanha e na Suiça, a Anheuser-Busch vende a sua cerveja com uma designação diferente, já na Inglaterra são reconhecidas ambas as marcas, enquanto que na Irlanda prevalece a marca americana. Os últimos processos em tribunal em curso na Itália, Espanha, Dinamarca e Finlândia deram razão á fabricante americana.


 


Para contornar a proibição de vender em solo americano, e após uma ausência de 60 anos neste mercado, a marca checa alterou o nome de Budweiser Budvar para Czechvar nos EUA. A acompanhar a mudança de nome foi lançada uma forte campanha publicitária. “Only the name has been changed to protect the beer” ou “It's really what you think it is” foram os slogans utilizados. O objectivo era dizer ao consumidor que apenas o nome tinha mudado, mantendo-se a qualidade e o sabor.


 


Em 2007, a marca checa exportou cerca de 590 milhões de hectolitros de cerveja, valor suficiente para encher 30 mil piscinas olímpicas. O melhor resultado da história da Budweiser Budvar, N.C, tendo a empresa vendido mais de um milhão e duzentos mil hectolitros no ano passado. O mercado interno contribui em muito para este número, com cada checo a consumir por ano 163 litros de cerveja em média (dados de 2005). É caso para parafrasear Bob & Dave: Yeeeeeah!


 


 


 



















Avalie este artigo 1 estrela2 estrelas3 estrelas4 estrelas5 estrelas
Loading ... Loading ...

Comentários (0)

Escreva o seu nome e email ou faça login com o Facebook para comentar.