17 de julho de 2009

Dossiê

A David Rosas acaba de apresentar uma nova colecção, enquanto a Manuel dos Santos aposta na renovação de uma das suas lojas em Lisboa, na procura de um espaço de excelência, ao mesmo tempo que pensa na internacionalização da marca. Dois “players” no competitivo mercado das jóias, marcados por dois fortes investimentos numa altura em que a crise ainda “aperta os cintos” dos portugueses.


 








Talvez por isso faça todo o sentido apostar em novos investimentos “nestes momentos mais difíceis”, tal como explica Paulo dos Santos, director geral da Manuel dos Santos. “Temos que surpreender as pessoas. É necessário que as pessoas ganhem confiança e isso traduz-se, em termos económicos, que a pessoa tem que ter capacidade, e se calhar também alguma dose de loucura, em investir”.


Uma “loucura em investir” que no caso desta marca se traduziu na renovação total do seu principal espaço, em Lisboa, no centro comercial Saldanha Residence, levando a empresa a aumentar a loja e implementar um novo conceito de atendimento ao cliente. A ideia foi aproximar o espaço comercial a um local de bem-estar. Para além disso, a marca prepara-se ainda para lançar este ano – em que a empresa assinala 20 anos – uma nova colecção, “baseada nos símbolos nacionais para puxarmos pelo orgulho português”. Contudo, a verdadeira jóia dos investimentos da Manuel dos Santos, será a estratégia de internacionalização da marca, com um primeiro passo a dar “já no próximo mês” (ver caixa).

       A jóia de Angola
 “Nós há dois anos que analisamos o mercado angolano e decidimos no início deste ano avançar para Angola, iremos abrir dentro de um mês um espaço lá, seguindo-se um segundo em 2010”, avançou Paulo dos Santos ao falar das estratégias da marca Manuel dos Santos. Angola surge para esta empresa como “um mercado novo, atraente”, e segundo adianta o director geral da marca, este será um passo dado com segurança e com muita expectativa. “Foram tomadas todas as precauções de forma a que possamos ter o mesmo sucesso lá igual ao que temos cá”, explica, “sendo um país que tem recursos diferentes, podemos até ter muito mais sucesso lá do que o que temos cá”. Sublinha.


Na “quinta geração da joalharia”
Também com nova colecção se apresenta uma outra marca nacional de joalharia. A David Rosas apresentou esta semana a “Be”, a primeira colecção de jóias desenhada por Luísa Rosas, da família fundadora da empresa. Inspirada num “sistema celular” a colecção celebra “a própria vida. A ideia é que cada peça seja um ser, uma vida. Daí o nome Be”, explica a sua criadora, arquitecta de profissão, e que se estreia enquanto desenhadora de jóias, no ano em que marca da sua família assinala os 25 anos.



Embora esta seja a sua primeira colecção, Luísa Rosas afirma que a joalharia faz parte da sua vida. “Não é nada de novo”, conta. Talvez por isso, por conhecer o negócio e o sector, analise com naturalidade o impacto da crise no sector da joalharia. “Duvido de alguma empresa que diga que não sente alguma diferença neste momento”, afirma Luisa Rosas, adiantando que “por outro lado, a David Rosas está muito bem, para o momento que estamos a passar”.



A colecção Be (conheça melhor a colecção aqui) será então uma aposta da marca, a chegar às lojas em Setembro deste ano, contrariando a tendência de desinvestimento generalizado que também afecta este sector.


 



“Encarar a compra como um aforro, como investimento”
“Como sector que produz produtos de luxo, e que por isso não são de todo de primeira necessidade, nota-se um constrangimento da procura”, explica Fátima Santos, secretária geral da Associação de Ourivesaria e de Relojoaria de Portugal, AORP, que adianta que a ideia é que os clientes estão efectivamente a comprar menos. Já dos fabricantes, a responsável afirma não ter dados “que levem a crer que haja menos investimentos”. “O que temos sensação é que as empresas têm menos capacidade de investimento, menos liquidez, uma vez que crescem os prazos de recebimento e diminuem as vendas”, completa.



Como solução, a secretária geral da AORP relembra que “estarmos a falar de produtos que têm um cariz de valor acrescentado, pela matéria prima usada – ouro, prata, pedras preciosas”. E que é nessa base que se deve posicionar o negócio. “Estas peças, mesmo usadas, terão sempre pelo menos o valor da matéria prima, quando não valerão mais por se encararem mesmo como peças de arte. Há anos, esta associação preconizou uma campanha cujo slogan era “ouro é sempre ouro”, e é nesta  base que poderia haver um combate à crise”.

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