Em Abril de 2009, Sean Brady decidiu que a Igreja Católica deveria estar de pés firmes no século XXI. Cardeal irlandês em busca de fiéis, afirmou ao jornal The Times que, entre outros espaços da internet, os jovens deveriam espalhar orações através do Twitter. A eficácia do apelo ainda não foi apurada, mas quem não precisa de grandes barómetros para averiguar a popularidade são as celebridades. Arnold Schwarzenegger, John Cleese e Oprah Winfrey são apenas alguns dos nomes sonantes que já fazem parte da comunidade e arrastam numerosos seguidores. No entanto, engana-se quem pensa que o Twitter é um fenómeno de Hollywood ou apenas para grandes instituições.
O Twitter nasceu na cidade de São Francisco, Estados Unidos da América, em Março de 2006. Trata-se de um microblogue, onde cada utilizador pode deixar mensagens curtas, até 140 caracteres, no máximo, e o seu propósito é revelar o que cada pessoa está a fazer num determinado momento. No Twitter, é possível colocar hiperligações para outros sites, vídeos e estabelecer conversas com grupos de amigos, numa mistura de actualizações entre uns e outros, daí que muitos autores de blogues o utilizem como complemento dos seus espaços na internet.
O sucesso do Twitter já se faz sentir. Os estudos realizados apontam para mais de 14 milhões de utilizadores em todo o mundo. De acordo com a Nielsen online, em Fevereiro deste ano, a rede social registou, comparativamente ao período homólogo, um crescimento de visitantes únicos de 1382%, afirmando-se como a comunidade online com um crescimento mais rápido até à data. Um fenómeno reforçado pela possibilidade de entrar na rede através do telemóvel. Em Janeiro de 2009, segundo a mesma consultora, 735 mil visitantes únicos acederam ao Twitter por este meio. Em média, cada visitante foi ao site do marca 14 vezes, durante um mês, e permaneceu lá durante 7 minutos.
Apesar do crescimento vertiginoso, a Nielsen online veio recentemente revelar que a euforia à volta da rede social é uma moda passageira que não chega a meia-estação. David Martin, Vice-Presidente da empresa, afirma que “o Twitter tem tido um bom desempenho nos últimos meses, mas não conseguirá manter o seu crescimento meteórico sem estabelecer um maior nível de fidelidade”. Uma posição polémica, porém sustentada pelo estudo da empresa, que revela que 60% dos utilizadores do Twitter abandonam o serviço um mês após a adesão. Uma tendência diferente das vividas por outras redes, como o Facebook, ou o MySpace, onde a taxa de utilizadores que permanecem ronda os 70%.
A notícia não agradou a muitos “twitterianos”, mas os criadores deste universo continuam a garantir que querem fazer de Twitter uma empresa rentável, apesar de confessarem que, neste momento, gastam mais dinheiro do que o que ganham. Um problema que pode ter, para breve, um fim à vista. Apesar de nenhuma das empresas envolvidas ter confirmado, o site especializado em tecnologia, techcrunch.com, revelou recentemente que, após recusada a proposta de compra por parte do Google, era agora a vez de a Apple manifestar o seu interesse e oferecer 526 milhões de euros (700 dólares) pelo Twitter.
Em Portugal, as empresas e os meios de comunicação começam a despertar para esta nova realidade. Fnac, Diário de Notícias, A Bola, Público são algumas das marcas portuguesas que já estão no Twitter. Também o Imagens de Marca aderiu a esta rede, com um “livefeed” do seu portal da Internet e actualizações constantes de notícias de marketing e publicidade. Recentemente, as notícias deram conta de que o fenómeno chegou também à classe política. No passado mês, a Assembleia da República tomava a sua primeira decisão com base no Twitter: os deputados abandonariam o termo “autista” no seu vocabulário parlamentar. A deliberação surgiu após Ana Martins, mãe de um autista e autora de livros sobre a patologia, ter pedido via Twitter ao deputado Jorge Seguro que deixassem de usar o termo. Ficou a prova de que, apesar de não ser tão popular e poder não reter tantos utilizadores como outras redes, a comunidade online do universo Twitter mostra já a sua influência na sociedade portuguesa.
Comentários (0)