Antes de comprar carro novo, tenta falar com algum conhecido que já tenha tido experiência com a marca. Ou, se está à procura de um novo funcionário, pede referências a empregadores anteriores. Ainda o marketing e a publicidade não se tinham implementado enquanto ciência, já o boca-a-boca funcionava para promover um produto.
Por certo, os elementos de uma tribo do paleolítico sabiam qual era a melhor caverna, sem nunca a terem experimentado, ou escolhiam os utensílios de caça por aconselhamento. Isto para dizer que o agora chamado marketing boca-a-boca (buzz marketing para os anglo-saxónicos) é uma realidade há milhares de anos, que tem crescido de forma inquantificável com a explosão da Internet. Cabe às empresas perceberem como é que pode tirar partido deste falatório. Este é o grande desafio.
Dave Balter, CEO e fundador da BzzAgent em 2002, enumera as diferentes razões que levam os consumidores a sentirem-se estimulados a falar sobre marcas e experiências de produtos de maneira espontânea. Em primeiro lugar, há uma vontade inerente em ajudar e ensinar o outro que está numa situação igual à que vivemos ou por qual já passámos. O amigo conta a experiência que teve com determinada imobiliária, a mãe aconselha determinados produtos à amiga grávida… Em segundo lugar, todos gostamos de provar os nossos conhecimentos, seja no facto de elogiarmos um vinho, um restaurante ou um livro de um autor desconhecido. Se não nos movemos entre pessoas conhecidas, tendemos a procurar algo que tenhamos em comum com o outro. Se percebemos que o nosso interlocutor gosta de velejar, inúmeramos marcas de barcos, ou, se sentimos que é atento às novas tecnologias, fazemos considerações sobre o grande lançamento do momento da Apple. O objectivo último é ter assunto, e mais depressa se fala sobre marcas do que sobre as relações transatlânticas. Muitas insígnias são ainda associadas a estilos de vida, como tal – por uma questão de status – os consumidores têm todo o interesse em divulgar as suas experiências.
O marketing boca-a-boca pode assumir diferentes formas. O guru Malcolm Gladwell aponta a existência de pessoas, que devido às suas características são escolhidas para liderarem processos de boca-a-boca. Trata-se de agentes que sabem o que é in e o que não é. “Todos as conhecemos — são aquelas pessoas que nos indicam um restaurante ou que usam roupas cool antes mesmo que pensássemos em usá-las”, explica o autor. Outras empresas preferem apostar em indivíduos que se sentem à partida próximos de determinadas marcas.
A gigante Procter & Gamble foi pioneira na utilizar desta estratégia em larga escala. Numa primeira fase, contratou milhares de adolescentes para que criassem buzz em torno dos novos produtos da empresa, que poderiam ser pasta-de-dentes ou gel para o cabelo. Mais tarde, a empresa criou uma agência especializada em boca-a-boca, que conta com um cadastro de mais de 500 mil mães, dispostas a divulgar desde fraldas a papas infantis.
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