Vídeo: Campanha internacional da marca. Como reacção ao surgimento do McCafé , a marca foi obrigada a apostar na publicidade.
E ainda:
Starbucks em números, aqui.
O bip bip do peito de Johnattan dita-lhe o ritmo. Passaram dez minutos desde a última vez que fez a ronda às mesas para ver se estava tudo em ordem. A máquina presa ao avental verde apitou. É tempo de voltar. À hora certa, os compassos dos rituais de trabalho da Starbucks sobrepõem-se à agitação própria da abertura. O centro comercial Alegro, em Alfragide, conheceu a primeira loja da multinacional estado-unidense em Portugal, dia 30 de Setembro.
Uma loja onde todos são parteners
O avental identifica-os. O mais usual é o verde, que pertence aos baristas. Os aventais pretos são mais raros, porque são usados apenas pelos coffee masters, encarregados de difundir a cultura do café na sua loja. Cada um tem a sua função, todos são partners.
Partners – ou “parceiros”, em português – é o termo usado pela Starbucks para se referir a qualquer empregado, independentemente da posição ocupada na loja e na hierarquia. Para desempenhar as respectivas funções, a formação especializada é essencial.
Antes da abertura da primeira loja em Portugal, os partners nacionais rumaram a Madrid para uma formação que durou mais de dois meses, onde o relacionamento com os clientes foi privilegiado. |
Caramel Macchiato, Frappuccino Blended Crème ou Cinnamon Dolce Latte são expressões que a maioria dos portugueses ainda não adicionou ao dicionário. São também três bebidas dentro das 87 mil combinações de café que a marca garante serem possíveis em todas as suas lojas. Para os mais conservadores ou os que simplesmente não abdicam de alguma portugalidade no travo, as Starbucks portuguesas acompanham a oferta de muffins com pastéis de nata e de feijão, chá Pleno e leite Mimosa.
Lojas: Rua vs. Centro Comercial Até ao final de 2008, Portugal vai ter em funcionamento três Starbucks. Todas na área da Grande Lisboa, à semelhança do que irá acontecer nos próximos anos. Belém é o destino seguinte a Alfragide e fará a abertura de mercado para a marca. É que esta será a primeira loja de rua em Portugal, situada nas proximidades dos Jerónimos, em plena zona histórica. Uma localização que os serve melhor o conceito da marca e a aproxima do que se vê no estrangeiro, onde as idas aos centros comerciais não são tão populares entre os clientes.
Para quem estranha a especificidade da política em Portugal, Luís Rocha e Mello, Director de Operações nacional justifica. “O que a Starbucks faz em qualquer país onde entre é ver onde estão as pessoas e ver onde é que as pessoas querem que a Starbucks abra lojas. E por isso cá em Portugal nós temos uma cultura forte em centros comerciais e por isso vamos claramente abrir em centros comerciais, mas claramente também vamos abrir em lojas de rua. Nos centros comerciais, assim como em rua, vamos procurar boas localizações”. |
Em 37 anos de vida, Portugal é o 46º país a contar com a presença da Starbucks. Até agora, a multinacional recebia todas as semanas mais de 50 milhões de clientes. Vendo-se os portugueses como um povo apreciador de café, para muitos esta chegada peca pela demora. Os responsáveis pela marca refutam: “é o momento certo para entrar em Portugal”. Os espaços imobiliários pretendidos e a joint-venture com o grupo espanhol Vips são as condicionantes que finalmente parecem estar reunidas para dar lugar à estreia nacional da marca.
O Fim da Bica? As pequenas chávenas de loiça estão lá. A troco de 1,20 euros, os portugueses vão poder continuar a saborear as simples delícias de um café expresso, em qualquer Starbucks. A diferença está na qualidade. “A Starbucks tem um café que é 100 por cento arábica e a nossa bica é feita com um blend de robusta e arábica. Temos a certeza de que é um café de alta qualidade, mas diferente. E portanto, é óbvio que respeitamos enormemente a cultura e o café portugueses, mas sabemos que também temos um produto de óptima qualidade e à medida que o formos dando a conhecer, estou convencido de que os portugueses vão apreciá-lo muito”, afirma Luís Rocha e Mello. Os portugueses o dirão. Quem quiser ousar nos sabores pode também sentar-se de caneca à frente a devorar antes de mais com os olhos os remoinhos de nata ou caramelo. Mas a revolução está na mobilidade. Há copos para todas as pressas e quatro tamanhos de apetite e gula.
As inaugurações prometidas para Portugal e outros países – Rio de Janeiro, no Brasil, vai ter a sua primeira Starbucks em Dezembro – são largamente divulgadas pelos media e não são
O Café da Sereia
O nome é inspirado numa personagem de Moby Dick, uma novela de HenrI Melville. O logótipo remete-nos para a história de uma sereia norueguesa de duas causas. E o que têm todas estes elementos marinhos a ver com o café?
Era por mar que os primeiros comerciantes de café transportavam as suas mercadorias. Já a sensualidade do ser marinho é relembrada nos nossos dias para representar a atracção. Antes pela beleza feminina, hoje pelo café.
Tudo começou em Seattle. A mesma cidade que viu nascer o grunge, deu à luz, anos antes, uma ideia inovadora: uma loja onde se vendia café fresco em grão para consumo doméstico. Gerald Baldwin, Gordon Bowker e Zev Giel abriram a primeira Starbucks, em 1971.
Dez anos depois, Howard Schultz junta-se aos três, mas acaba por abrir a sua própria cafetaria em 1985, onde vendia café de origem Starbucks. O êxito de Schultz permite-lhe, apenas um ano depois, comprar todas as lojas do grupo e constituir a Starbucks Corporation.
A internacionalização chegou em 1996, com a entrada no Japão. Hoje está presente em 46 países. |
indiferentes a muitos turistas saudosos dos copos de café na mão a desfilar por avenidas estrangeiras. No entanto, o entusiasmo foi recentemente assombrado. A marca comunicou, em meados de Julho, que 600 lojas Starbucks iriam ser fechadas nos Estados Unidos da América e na Austrália, até Fevereiro de 2009.
A concorrência de outras cafetarias, nomeadamente do McCafé, é uma das principais causas apontadas. O episódio negro na história da marca não a impediu, contudo, de facturar 6,4 mil milhões de euros, em 2007. Mais 21 por cento que no ano anterior.
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