30 de setembro de 2008

Dossiê

“Chaplin tornou-se muito mais do que um nome. É uma palavra no vocabulário do cinema”. As palavras foram ouvidas na cerimónia de entrega do Óscar honorário da Academia de Cinema norte-americana. Em 1972, aos 83 anos, quando Chaplin já era há muito um marco incontornável na indústria cinematográfica mundial.



Chaplin foi realizador, actor, produtor, argumentista, compositor, em mais de 100 filmes, na grande maioria mudos, ao longo da sua carreira. Mas foi um “vagabundo” que o imortalizou. Uma personagem conhecida como “the Tramp” nos EUA e na Inglaterra, “Vagabund” na Alemanha, “Carlitos” no Brasil, ou “Charlot” para a maior parte da Europa. Seja qual for o nome por que é conhecido, são o figurino e jeito inconfundíveis que fazem dele uma imagem de marca do cinema. Um homem franzino, desengonçado, de pés ao lado, apoiado numa bengala, com calças largas, casaco apertado, chapéu de coco, face pálida e um pequeno bigode preto.



Charlot fez a sua primeira aparição em 1914, no filme “Kid Auto Races at Venice”, dois anos depois de Chaplin ter chegado aos Estados Unidos e ter entrado na indústria cinematográfica. Até então o seu percurso, no Reino Unido, tinha-o levado dos palcos de teatro ao circo, onde fizera de palhaço. A formação que lhe serviu de trampolim para fama no novo país.



Chaplin, o mimo
Foi então com a personagem apalhaçada de Charlot que Chaplin vingou no mundo do cinema. Numa época em que a fala não era ouvida e em que o melhor mimo era o rei. E aí Chaplin reinava. A sua expressividade e capacidade mímica eram inigualáveis e abriram-lhe o caminho ao sucesso.



Não admira por isso que ele tenha demonstrado sempre tanta relutância em abandonar o cinema mudo. Até mesmo quando a voz e as falas já começavam a ser comuns nas produções de cinema – o primeiro filme falado da história surgiu em 1927, “O cantor de Jazz”, de Alan Crosland. Chaplin só viria a introduzir a fala em “O Grande Ditador”, no ano de 1940.



Relativamente ao seu talento, Chaplin disse uma vez que o aprendera com a sua mãe. “Sem a minha mãe, acho que jamais me teria saído bem na mímica. Ela possuía a mímica mais notável que já vi. Por vezes, ficava durante horas à janela a olhar para a rua e reproduzindo com as mãos, os olhos e a expressão de sua fisionomia tudo o que se passava lá em baixo. E foi observando-a assim que eu aprendi não somente a traduzir as emoções com as minhas mãos e meu rosto, mas sobretudo a estudar o homem.”



 


Um “vagabundo” que mudou o cinema
“Pelo efeito incalculável que ele teve em tornar o cinema na maior forma de arte deste século”, dizia a inscrição na estatueta honorária atribuída pela Academia. Um reconhecimento que terá, segundo a opinião de vários especialista do cinema, vindo tardio. Hoje tido como o homem do cinema da sua era, as nomeações de Charlie Chaplin para galardões da Academia de Cinema norte-americana não chegaram a meia dúzia, e apenas três deram frutos. Melhor Realizador de comédia e Melhor Actor em 1929, com The Circus, e Melhor Música, com Limelight, “As luzes da ribalta”, em 1952, que ficou por receber.


 


Este foi o ano em que Chaplin sai do EUA, em exílio, acusado de simpatizar com as filosofias comunistas, na altura em que o senador Joseph McCarthy conduzia uma “caça às bruxas” política.


 



 Chaplin muda-se então para a Suíça, depois de já ter revolucionado a sétima arte com obras como “Mulher em Paris”, em 1923, “A Quimera do Ouro”, em 1925, “Tempos Modernos”, em 1936, ou “O Grande Ditador”, em 1940. Só voltou aos Estados Unidos em 1972 para receber o Óscar honorário. Aí, foi aplaudido de pé durante cinco minutos.


 


 


 


 


 



Chaplin, o “ditador artístico”
É a própria filha, Geraldine Chaplin, que assim o define. “Um perfeccionista, um ditador artístico”. Também ela actriz, esteve em Portugal na semana passada para visitar a exposição «Chaplin em Imagens». Uma mostra, baseada nos arquivos da família de Chaplin, a primeira do genro, que já passou por outras cidades como Barcelona, Paris, Roterdão e Bruxelas e que agora chega a Lisboa, ao Palácio Pombal, no âmbito da edição deste ano do Lisbon Village Festival.



Pelos corredores do Palácio, pode encontrar-se os diferentes Chaplins. Do actor, ao realizador, da pessoa, a génio do cinema mudo. São um total de 300 peças, com material de arquivo inédito, fotografias originais, filmes, recortes de imprensa, cartazes e alguns «making of».


 







Factos com chapéu de coco
. Charles Spencer Chaplin nasceu em Londres, em Abril de 1889.
. Filho de pai era cantor e mãe actriz, que terá ensinado Charlie a mímica. “Sem a minha mãe, acho que jamais me teria saído bem na mímica. Ela possuía a mímica mais notável que já vi”.
. Foi para os EUA com Fred Karno e Stan Laurel, este último o protagonista magro da famosa dupla “O Bucha e o Estica”.
. Marcou presença em mais de 100 filmes, entre curtas e longas-metragens.
. Foi actor, realizador, produtor, argumentistas, compositor
. Foi a actor mais bem pago da sua era. Em 1916, apenas dois após a sua estreia, já ganhava mais que o presidente norte-americano e seu salário era equivalente a 94% da folha de pagamento de todo o senado.
. Foi condecorado cavaleiro pela Raínha britânica Elisabete II, em 1975.
. Faleceu a 25 de Dezembro de 1977.

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Comentários (1)

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