12 de setembro de 2008

Dossiê

Vídeo: making of do “Mobile Art”, museu “viajante” da Chanel, em Hong Kong.


 


Obras em museus, museus próprios, ou até museus itinerantes. Tudo com o cunho de uma ou outra insígnia. Há marcas a investir forte na arte. A idieia não é nova. É até habitual para algumas marcas investirem em arte como uma forma de acrescentar valor e reforçar o ”status quo” da insígnia. Contam-se os apoios a eventos de índole artística e a aquisição de obras para colecções particulares. Novos, no entanto, são os conceitos encontrados por algumas marcas. Quer sejam museus fixos, itinerantes, ou até galerias onde o consumidor pode tratar de finanças.



Corria o ano de 1984, quando a Cartier começou a promover um programa de workshops e residências artísticas, em Paris. Através da Fondation Cartier pour L’art Contemporain , a marca terá sido uma das primeiras a aposta na arte e a impulsionar novas formas de criatividade contemporânea, que iam desde a pintura, à fotografia, ao vídeo, à escultura e ao design. Nos dias que correm, ainda sedeada no mesmo edifício que o arquitecto Jean Nouvel desenhou nos anos 90, a Fondation Cartier é uma das mais ricas do género, no que toca à posse obras contemporâneas. São mais de mil trabalhos, de mais de 300 artistas. Obras seleccionadas e recolhidas por um comité internacional a que a marca incumbe a missão. Em média, são adquiridas 15 novas peças todos os anos.



Fora de França, já em Itália, outra marca de luxo vê na arte contemporânea um acrescento ao seu DNA. A Prada, em Milão. Também com uma Fundação, ou Fondazione na sua língua materna, a marca organiza exposições de artistas contemporâneos desde 1993. E embora o faça numa galeria da cidade, a Prada tem já em projecto a construção de um museu de arte contemporânea, ao qual vai encostar o seu nome. A abertura deste espaço está prevista para 2012, e nele deverão constar mais de meio milhar de obras, compradas pela própria Miuccia Prada. Algumas delas nunca mostradas em público.
 


Arte movível
A tradução é literal. Vem de Art Mobile, o megalómano projecto artístico da Chanel. Um museu itinerante, desmontável e movível que leva o génio da marca de cidade em cidade, um pouco por todo o mundo. Numa espécie de nave espacial que transporta arte contemporânea, este museu estreiou-se em Hong Kong (ver vídeo em destaque), em Abril passado, e já esteve em Tóquio durante Julho. Em Outubro aterrou em Nova Iorque, de onde vai para Londres, Moscovo e finalmente Paris.



Na verdade, até o próprio museu assenta como obra de arte contemporânea. Neste caso, uma obra de autoria conjunta, entre Karl Lagerfeld, que teve “a ideia geral”, e a arquitecta Zaha Hadid, “que a interpretou e concretizou na perfeição”, tal como disse o patrão da casa Channel. O projecto terá então nascido da “magia”. Da magia de “ter a maior arquitecta da actualidade a aceitar um convite para um projecto”, adiantou.



Arte “encaixotada”
Se com a Chanel a arte e o próprio museu viajam sob a alçada da própria marca, já a Hermès optou por um conceito mais simples e colocou em museus como o Pompidou, MUSAC ou o TATE Modern, obras de diferentes artistas contemporâneos. Expostos numa caixa: a H-Box, que até foi criada por um português, Didier Fiúza Faustino.



É numa espécie de câmara escura, “uma sala de projecções viajante”, com é descrita no site do Tate Modern de Londres, que podem ser visionadas obras audiovisuais de oito artistas contemporâneos, encaixotadas e seladas com o cunho “H”, da marca que financiou o projecto.


 


Ir ao banco num museu
Num caso bem português, o BES é um dos exemplos a dar nesta matéria de apostar na arte como valor acrescentado à marca. Para além da realização anual do BES Photo, prémio que visa a divulgação da arte contemporânea na forma de fotografia, a instituição bancária avançou com um conceito pioneiro em Portugal.  Naquele que foi “o casamento entre Arte e Finanças”, a instituição bancária abriu as portas de um espaço no Marquês de Pombal. O primeiro “business lounge entertainment center” do país, num conceito que casa finanças, arte contemporânea.



Um “casamento” com um vasto álbum de fotos, aliás. 451 mais precisamente, representando167 artistas, 60 portugueses e 107 estrangeiros.  


Dividido por dois pisos, o BES Arte & Finança tem mais de 4 mil metros quadrados e alia espaços como um balcão do Banco BEST, uma loja Top Atlântico ou um balcão do BES, a um registo museológico sobre a história centenária do Grupo, bem como um restaurante Go Natural e um quiosque de acesso gratuito à Internet.



Tudo isto, ornamentado com uma das maiores colecções privadas de fotografia contemporânea de toda a Península Ibérica. E num espaço que não se destina só aos clientes do banco. Tal como explica a própria curadora da galeria, Alexandra Pinho, O BES Arte & Finança “quer atrair todo o público e fazer com que este se sinta à vontade”.

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