A cada época, cada campanha. E embora o Verão tenha chegado tarde, não foi por isso que as marcas deixaram de aproveitar a estação para comunicar com os seus consumidores. Entre promoções e acções de praia, as marcas traçam estratégias para fazer parte da bagagem de quem vai de férias. Levanta-se a questão: quais delas realmente vão?
O Imagens de Marca esteve na praia para perceber que acções mais chegam aos consumidores (ver vídeo com vox pop), e a conclusão, ainda que não científica, levou-nos a uma maior eficácia das campanhas das operadoras de telecomunicações. Isto, no que diz respeito às acções de praia que estas marcas levam a cabo. Porque o Verão é para muitas outras marcas uma época de excelência para comunicar com os consumidores.
Fora das praias, as campanhas chegam a todos os meios e aproveitam o calor para fazer ondas na comunicação. Veja-se por exemplo a Super Bock que apostou na criatividade em outdoor, jogando com o nome das praias e a imagem da própria garrafa ou lata. Uma campanha da autoria da agência Strat, que pretende “homenagear diversas praias portuguesas”, explica a marca em comunicado.
Já a TMN, depois de pôr os reis magos a triplicar novamente o saldo e a cantar o clássico do biquíni amarelo, lança-se numa campanha viral a espalhar “Sensações T”, com Carolina Patrocínio (ver aqui). Uma acção veiculada em TV, Internet e telemóvel, recorrendo à MMS.
Sem deixar o campo das operadoras de telemóveis, refira-se igualmente a Vodafone que vestiu a pele dos calendários dos meses de Primavera, “que se portaram mal”, para dizer aos utilizadores da rede que “o Verão compensa” (ver aqui). E compensa devolvendo aos clientes o valor em chamadas dos equipamentos adquiridos.
E se quando o calor aperta se corta na roupa, então a Optimus aposta em tirar tudo. A custo zero para sempre, é quanto a operadora está a oferecer nas chamadas entre utilizadores da rede. Isto na TV, com Soraia Chaves e José Fidalgo, porque para a praia a operadora vai de iate e convida os clientes a uma “voltinha”, com direito a morangos e champanhe.
Verão é por isso sinónimo de comunicação para as marcas. Tal como explica Patricia Jesus, Lipton Ice Tea Brand Manager, “o Verão é a principal época de férias na qual as pessoas têm mais tempo livre e uma maior predisposição para se divertirem”, o que o torna numa altura privilegiada para tentar uma maior proximidade.
Especialmente para a Lipton Ice Tea, “uma vez que a imagem da marca está muito associada ao Verão”. Não admira por isso que o verão Lipton traga 99 experiências aos consumidores, na promoção “Summer99” (veja aqui). Quebrando com o habitual nas promoções, a marca apostou num conceito diferente: “são 99 dias de promoção e 99 experiências que devem ser feitas antes que o Verão acabe”, explica a responsável.
Antes que o Verão acabe, também a Sagres quer ver as estradas portuguesas mais seguras. Figo voltou a convocar os portugueses (ver aqui), em nome da Sagres Zero, e a marca juntou-se em campanha com a Prevenção Rodoviária Portuguesa. Enquanto isso, Rita Andrade fica-se pela praia com a “loira” mini Sagres, “até à última gota”.
Nova estação, novos sabores Por um lado, aposta-se na comunicação e associação aos momentos de férias dos consumidores. Por outro, inovam-se os produtos e dá-se-lhes um novo fôlego para marcar presença no Verão.
A Frize, por exemplo, colocou no mercado dois novos sabores – Tropical e Cocoloco –, numa edição especial de Verão, “para reforçar a imagem inovadora, surpreendente e irreverente da marca Frize”, tal como explicou Maria João Serras, gestora da marca Frize.
Enquanto a Olá, marca de Verão por excelência, apostou numa nova fórmula para os gelados Epá, Super Maxi e Perna de Pau (ver aqui), tendo ainda renovado a imagem do Calipo e acrescentado a variedade Refresh, um novo gelado com sabor a limão e ananás e que se apresenta numa nova imagem. |
Da bomba ao biquíni
Se há marcas que lutam todos os verões para terem um espaço na vida dos consumidores, outras há que não precisam de fazer qualquer esforço: já são presença obrigatória no universo dos banhistas. A Europa ainda cheirava a pólvora, um ano depois do cessar de armas da 2ª guerra mundial, quando o estilista francês Louis Reard criou a peça de vestuário feminino mais pequena da história da humanidade. Talvez por adivinhar as repercussões que a criação teria na sociedade conservadora da época, Reard procurou um nome à altura para baptizar a sua invenção. Faltavam quatro dias para o lançamento da peça, quando o exército norte-americano fez um teste nuclear junto a umas ilhotas, no meio do oceano Pacífico, de seu nome Atol de Bikini. Em 1946, as imagens dos cogumelos atómicos sobre a pequena ilha invadiram a imprensa mundial. Louis Reard, de 58 anos, tinha encontrado o nome que procurava.
No dia da apresentação, foram alguns os jornalistas que compareceram junto a uma piscina nas margens do Sena. A minúscula peça de roupa foi exibida no corpo de uma streaper do Casino de Paris, a única mulher que aceitou aparecer em público naqueles preparos. Tal como as experiências atómicas, o explosivo biquíni teve cobertura mediática sobeja, apesar de a relação entre o exercício militar e o trapinho homónimo ter tido repercussões negativas nas vendas. Interessante será perceber o facto de na origem da criação desta peça de roupa veraneante estar razões económicas. O esforço de guerra exigia poucos gastos com futilidades e o governo norte-americano obrigou a industria têxtil a reduzir, a partir de 1943, o algodão utilizado nos trajes de banho femininos. Matéria-prima devidamente redireccionada para os fundilhos militares, passando ventre feminino a ficar à mostra.
No caminho da libertação das formas das mulheres, Reard ainda teve de enfrentar a concorrência do estilista Jacques Heim, também francês, que reclamava a invenção do traje de banho de duas peças durante a 2ª Guerra. No braço de ferro, Reard conseguiu impor a sua marca, caso contrário as senhoras iriam agora vestidas de “átomos” para a praia – nome dado por Heim à sua alegada descoberta.
Foi nas décadas de 50 e 60, que as actrizes de cinema imortalizaram o modelo. Em 1956, a actriz francesa Brigitte Bardot emprestou o corpo em “E Deus Criou a Mulher”. Já o primeiro filme da sequela James Bond conseguiu fazer do biquíni um sucesso. A imagem da actriz Úrsula Andress, emergindo das águas azuis das Caraíbas, com um modelo branco, no filme de 1962, correu mundo e fez meninas e moças testarem as formas ao espelho dentro dos pequenos bocados de pano. Com mais de 60 anos de história, o biquíni foi imortalizado no cinema, no corpo de muitas figuras públicas e até no vinil. Quem não se lembra do “biquíni às bolinhas amarelas da loja ao pé do liceu”? Já nas areias de Ipanema, a invenção de Renard chegou ao seu tamanho mínimo com os modelos “asa delta” e “fio dental”, criados no início dos anos 80.
A palavra encerra uma simbiose entre a guerra e o prazer, tendo sido considerada a mais importante invenção do século XX, depois da bomba atómica. A comparação foi feita por Diana Vreeland, a primeira editora de moda de sempre, que esteve à frente de revistas como a Vogue e a Harper's Bazaar.
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