27 de dezembro de 2010

Dossiê

A pouco mais de uma semana do novo ano, que se aproxima ensombrado pelo fantasma da crise, o Imagens de Marca foi falar com os especialistas e saber quais são as tendências para o sector do marketing. Do digital aos novos gadgets, passando pela internacionalização, com apostas prioritárias no Brasil e Palop's, saiba o que nos dizem os profissionais que vivem o seu dia-a-dia no mercado do marketing e os que estudam o comportamento do sector.


 







João Geada
King of Lalaland
 



 
Web APP’s e Web TV
No seguimento da febre das APP’s para smartphones e com a proliferação dos tablets, acho que as marcas e agências vão apostar largamente no desenvolvimento deste tipo de aplicações, disponíveis na web para tablets e PC’s.
Quanto à Web TV, é uma tendência que tem vindo lentamente a conquistar o seu lugar e que acredito vai ter um enorme impulso a partir do próximo ano. Os monstros Apple e Google estão a investir nesta área e as marcas de aparelhos já começam a aparecer com ofertas. Acredito que vai ser mais uma enorme mudança na forma como se vê TV. Imaginem só que na prática, qualquer pessoa poderá produzir um canal. As possibilidades vão além do que consigo imaginar.
 


Convergência
É uma tendência a que assistimos há alguns anos, mas que continua a acelerar sem demonstrar sinais de enfraquecimento. Embora acredite que ela já existe, acho que ainda não está disponível publicamente a tecnologia que vai possibilitar a tão falada e ambicionada convergência de todos os media num único gadget, que quanto a mim irá ser uma evolução do smartphone ao nível das capacidades de projecção e interacção por movimentos e localização espacial. Mas posso estar completamente enganado e ser qualquer outra coisa que nos vai surpreender.
 


Georeferenciação
É uma área ainda pouco explorada e que está a ser sujeita a enormes avanços, principalmente por parte do Google e da Microsoft, e que estamos ainda para ver todo o potencial da sua aplicação. As redes sociais baseadas em georeferenciação também estão aí, mas acho que por alguma falta de atenção das marcas ainda não se conseguiram tornar realmente interessantes. O seu potencial de interacção entre marcas e públicos é gigante e acredito que isso se comece a notar realmente a partir de 2011.
 


Reivenção do Email
Estamos todos à espera do tal novo sistema de messaging do facebook, que promete convergir todos os sistemas que utilizamos actualmente num único interface. Já houve outras tentativas de outras marcas que não tiveram grande sucesso, mas o facto é que a utilização do email está a decair entre as gerações mais novas, o que constitui uma enorme oportunidade para o surgimento de outras soluções
 


Brasil e Palops
Uma tendência mais nacional, mas que acredito que vai explodir a partir do ano que vem e que é a verdadeira aposta nos enormes e crescentes mercados lusófonos, especialmente Angola e Brasil. Especial enfoque neste último que recebe o Mundial de Futebol em 2014 e os Jogos olímpicos de 2016. É um mercado enorme que vai levar um impulso ainda maior com estes eventos, e Portugal precisa de aproveitar estas oportunidades se não quer continuar a mirrar.



 







André Rabanea


Director Criativo Torke
 
 


As não tendências para 2011:
 
- Continuar a usar o termo tendência não será uma tendência.
- Apresentação de propostas criativas com K-lines.
- Usar gravata de crochet nas apresentações ou camisa bordada as iniciais do próprio nome.
- Fazer curso de web2.0 e depois pensar em 144 caracteres.
- Criar páginas do facebook só porque o seu vizinho está lá.
- Tratamentos por você entre cliente e agência.
- Dupla criativa, account gostosa e planner que é administrativo.
- Agências below the table.
- Ser pessoas diferentes on line e offline.
- Usar Foursquare e Gowalla (isso em pt é para 2012).
- Ter mais followers do que following no twitter não vai ser cool.
- Achar que o meio é que vale e o conteúdo pode ser qualquer um.
- Continuar a ser o melhor funcionário do mês.
- Esquecer nos planos de comunicação que o porno são os sites mais vistos do mundo.
- Copiar do trendwatching, springwise, futurelab, psfk as tendências para 2011.
- Investidores da área de construção abrirem agência de criatividade.
- Recepcionista boazuda para justificar atraso do director criativo.
- Garantir que um vídeo é viral.
-Ter mais fãs no facebook só porque sim. Concursos e felicitações por 10 mil amigos no face.
- Assinar com os melhores cumprimentos e colocar a frase: pense duas vezes antes de imprimir este email.
- Ir no wikipedia e não ir no wikileaks.
 
 
 
 
A tendência 2011:
 
 
Empreendedorismo
Web2.0, globalização, facilidade burocrática para abrir uma empresa, uma ideia valer mais do que connections…facebook ter começado com 4 pessoas e alguém a trabalhar….são motivos para as pessoas começarem a perceber que as ideias podem tornar-se no próprio emprego e cada vez mais estas start ups estarão voltadas para o Mundo e não cá para dentro. Trabalhar daqui e vender para o Mundo. Start ups mais antigas voltarem-se para os mercados internacionais, pelo menos Brasil e Angola.



 
 







Nuno Presa Cardoso
Partner e Director Criativo da NOSSA
 
 


2011  
 


Apple – A maça preferida pelos homens do marketing vai continuar nas bocas do mundo. O Iphone, o novo iPad e um design único manterá a Apple entre as tendências de 2011. E 2012. E 2013.
 


White – É um fantasma vestido de branco que chegou para aterrorizar todas as marcas. As Own Label, ou marcas brancas, têm entrado em quase todos os sectores, destruindo tudo à sua passagem. Nenhum antídoto se tem revelado eficaz. Qual H5N1. A marca branca é a mais temida epidemia entre os marketers.
 


Google -  O facebook já é tão 2010. Resta-nos googlar para saber qual a inovação seguinte. 
 


Wikileaks – Já não é apenas um site. É uma marca. Goste-se ou não, vai ser imitado, replicado e continuado. Os danos ainda não estão contabilizados mas nada será como dantes. 
 


Silicon Valley - Já é a nova Madison Avenue. Os mad men dos próximos anos dominarão as redes socias, o html, javascript, ASP ou Perl. 
 


Nos próximos anos, as marcas irão tornar-se autênticas companhias de media. Vão produzir conteúdos, vão entreter, entreter e entreter. Para poder vender.



 
 
 







Carmo Leal
Investigadora do FutureCast Lab
Docente convidada no ISCTE-IUL
 


Advertising 2.0  + Geração C
O conceito de publicidade 2.0 refere-se fundamentalmente a uma comunicação fortemente marcada pela bi-direccionalidade, onde as marcas deixaram de falar sozinhas.
Agora, os consumidores da comunicação das marcas reagem, sugerem, exigem, colocam conteúdos, interferem na vida das marcas. É o fim de uma geração de comunicação onde o poder e a credibilidade das mensagens estavam apenas do lado do emissor.
A Geração C (Conteúdos) exige uma muito maior transparência por parte das marcas levando-as a vir a jogo numa comunicação que é feita nos dois sentidos.
Ex: Campanhas Nespresso, com envio de emails para os membros do Clube Nespresso, pedindo sugestões para o desenvolvimento de filmes para televisão.
 
 


Fragvergence + New media planning metrics
Fragvergence resulta da junção de Fragmentation + Convergence. Refere-se a uma realidade que condiciona transversalmente toda a comunicação de marketing; a fragmentação de meios e canais para uma convergência de mensagens que têm que ser repensadas e adaptadas a novos suportes. 
Hoje vemos televisão e ouvimos rádio no computador e no telemóvel, onde também podemos ler o jornal. Recebemos mensagens comerciais no pequeno visor do telemóvel e podemos ver a nossa própria programação, quer no computador, quer na televisão. Podemos evitar a publicidade, com gravação de programas que saltam mensagens publicitárias e também podemos ver publicidade a pedido, como acontece no Youtube.
Por outro lado, passamos de uma época em que havia poucos a difundir para muitos, para uma era em que são muitos os emissores a difundir informação para segmentos pequenos (e especializados) de consumidores de informação.
Posto esta nova realidade, urge repensar a relevância das mensagens em função dos targets, cada vez mais ubíquos e exigentes. Por exemplo, uma das questões que importa repensar é a da mensuração da eficácia (cobertura e compreensão das mensagens).
A tendência será para privilegiar métricas qualitativas que reflictam a atenção, a satisfação ou a capacidade de recomendar, para além da frieza dos números das audiências.
Ex: a proliferação de canais especializados (narrowcasting). Canal da Volkswagen, no Youtube, por exemplo.
 


Sustainability Labels
As marcas apostadas em defender a sustentabilidade do planeta são cada vez mais valorizadas. É importante perceber que a sustentabilidade não tem apenas a ver com ambiente e ecologia mas que é um conceito referente a outras vertentes: social, cultural, político, económico.
Surgem, também, marcas certificadoras que espelham a preocupação coma defesa de causas e padrões de comportamento socialmente correctos:
Ex: marcas CORES (nascida nos Açores mas já exportada para as Canárias e para a Madeira) que certifica produtos feitos em empresas de inserção social (empresas que, estando no mercado a competir com outras, foram criadas com o objectivo de incluir socialmente pessoas através do trabalho).
 
 
The era of recommendation
O poder da recomendação intensificou-se com a Geração C e não parece ser reversível. Actualmente, não compramos determinados produtos ou serviços sem ouvirmos críticas, recomendações e sugestões de pessoas que nunca conheceremos mas em que acreditamos e a quem damos credibilidade, por vezes superior às mensagens formais das marcas.
A especialização das recomendações tende a aperfeiçoar-se, no sentido de mais se adaptar ao perfil do utilizador.
Uma coisa, porém, é certa: a voz das marcas tem, hoje, poderosos concorrentes que podem veicular mensagens opostas -> a voz dos consumidores.
Ex: Site Eu Sou Cliente, onde as clientes avaliam produtos e serviços dando às marcas a oportunidade de resposta.
 


Niche tributes (Customer rewards)
Os tributos para nichos de mercado são, com frequência, uma concretização da preocupação das marcas com segmentos que, ainda que pequenos, têm necessidades especiais. Podendo ser mais ou menos lucrativos, estes tributos (upgrades, por vezes) são, também, um sinal de respeito por clientes que não vêem cobertas as suas necessidades com produtos standard.
Num contexto de crescente indiferenciação de produtos e serviços, estes tributos são, seguramente, um poderoso factor de diferenciação.
Ex: Telemóvel AEG para seniores e pessoas que não vêem bem. Com dígitos de grande dimensão e botão de alarme na parte de trás.



 
 
 





Carlos Brito
Professor de Marketing da Faculdade de Economia do Porto


 


Na minha opinião, as 5 principais tendências são:
 
1 – Mais do que produtos e serviços, as empresas irão cada vez mais proporcionar experiências aos seus clientes.
 
2 – A tendência para a customização vai continuar: ir ao encontro (e até, se possível, exceder!) expectativas individuais será um desafio para as empresas.
 
3 – Co-criação de valor: há, cada vez mais, que envolver os clientes na criação de valor fazendo-os participar nos processos de produção e logístico.
 
4 – Marcas como parceiras: as marcas não são apenas um sinal. Muito mais do que isso são parceiras na relação que estabelecem com os clientes.
 
5 – Emoção “em doses industriais”: a par do lado funcional (que será sempre importante) há que dar emoção às marcas na medida em que isso diferencia e acrescenta valor do ponto de vista dos consumidores

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