31 de maio de 2010

Dossiê

A receita é aparentemente simples: junta-se uma marca e o seu produto com um humorista conhecido e um guião de excelência… filma-se e fotografa-se tudo e temos um anúncio com humor.
A publicidade está de novo a recorrer a esta receita para vender e temos aí anúncios de humor q.b. para desanuviar em tempos de crise.


 


O Imagens de Marca Online andou a espreitar as mais recentes campanhas de publicidade com (muito) humor e falou com alguns dos “actores”.
Neste momento a nossa memória colectiva tem bem presente os anúncios do Meo com os Gato Fedorento ou melhor os Meo Comandantes; da banda larga da TMN com Nuno Markl que faz de tudo dentro de um táxi; das cápsulas da Delta Q que conversam com Bruno Nogueira e da Frize com um Pedro Tochas em camisa de forças.


 


Mas, as campanhas que recorrem ao humor em Portugal têm sucesso garantido? O IM Online lançou esta questão a Carlos Brito, Professor de Marketing na Faculdade de Economia do Porto, que respondeu afirmativamente e relembrou algumas das campanhas existentes: “O caso do MEO que envolve os Gato Fedorento, sendo bem actual, é talvez um dos mais paradigmáticos. Mas veja-se também o caso da Frize que utilizou o humor do Pedro Tochas na campanha “tou que nem posso”. Trata-se de um conjunto de sketches fantástico que fez uma coisa impressionante: criou um mercado que não existia em Portugal (o das águas com sabores). Criação essa de que beneficiou não só a Frize como também a concorrência que entretanto surgiu”.


 


Para este especialista saber rir e, ao mesmo tempo, levar a sério uma marca e produto é uma questão de “inteligência”. E os portugueses, para Carlos Brito, sabem fazê-lo, mesmo em tempo de crise económica declarada, quando as preocupações são outras.
É unânime que a publicidade, apesar de todas as controvérsias que tem levantado ao longo dos anos, tem um papel importante na sociedade de hoje.


 


“É usual dizer-se que as mensagens publicitárias devem obedecer ao modelo AIDA. Devem chamar a Atenção; depois devem despertar o Interesse; em terceiro lugar devem originar Desejo; e, por último, levar à Acção. Mensagens com humor são muito boas nas duas primeiras fases: para chamar a Atenção e despertar o Interesse. Já quanto ao Desejo e à Acção são necessários outros mecanismos”, explica.


 


No entanto, Carlos Brito deixa o aviso: “não posso deixar de salientar que o humor não é uma receita para uso generalizado. Para muitas marcas ou empresas (por exemplo, sociedades de advogados) o humor não é certamente o mais aconselhável”.


 


 






A palavra às marcas

 


 


O IM Online falou com as marcas para perceber o porquê do recurso ao humor… quais as estratégias adoptadas… e as escolhas feitas para as caras que representam os produtos.



 


Delta – Rui Miguel Nabeiro  (Administrador Delta Cafés)


Imagens de Marca: Porquê a aposta no humor nas novas campanhas da Delta Q?
Rui Miguel Nabeiro:
É uma forma de criar aproximação ao público Delta Q, que é constituído por jovens adultos que apreciam os momentos de lazer e o convívio. A maioria das pessoas identifica-se com o tipo de humor que procurámos veicular nas campanhas, gosta deste tipo de humor.


 


IM: Qual a estratégia da marca para esta opção?
RMN:
A nossa estratégia é procurar registos com os quais Delta Q se identifique: um humor acessível e inteligente. Pela jovialidade da marca, sem dúvida que este é o registo que pretendemos manter, enquanto resultar.


 


IM: O recurso ao humor (ou figuras públicas desta área) aumenta a notoriedade das RMN: campanhas? É esta uma das vantagens?
RMN
: Sem duvida, quando bem feito torna a campanha mais memorável, e faz todo o sentido que assim seja. A qualidade percebida do produto é que leva ao teste da qualidade comprovada. Uma boa campanha favorece os resultados e a mensagem fica logo mais clara. Ao introduzirmos o humor, numa época de crise em que todos precisamos de boas risadas, ajudamos os portugueses a descomprimir, e mais facilmente Delta Q fica associado de uma forma positiva na cabeça dos consumidores.


 


 


FRIZE – Maria João Serras (Gestora de Marketing Frize)


 


Imagens de Marca: Porquê o recurso ao humor?
Maria João Serras:
Frize é irreverente, divertida, corajosa, verdadeira, criativa e “descomplicada”, por isso, desde cedo que quisemos deixar bem patente que somos diferentes de todas as outras marcas de água do mercado.
 



IM: Este ano Frize voltou a apostar no Pedro Tochas como rosto da marca, porquê?
MJS:
Frize tornou-se uma das marcas mais recordadas durante 4 anos graças ao estilo disruptivo da sua comunicação. Fomos inovadores e criativos ao apostar num formato novo que, na altura, não era utilizado em Portugal. O que nos trouxe resultados fantásticos, pois num espaço de apenas três anos triplicámos as vendas. E o sucesso foi tanto, que despertou a concorrência para um novo segmento de mercado e para o poder deste tipo de comunicação, e assim, rapidamente apareceram outras marcas a utilizar o mesmo discurso (anúncios com os Gato Fedorento, Bruno Nogueira…). Vários anos passados, e avaliando os resultados, continuamos a acreditar e a apostar no Pedro Tochas, pois ele personifica muito bem o DNA da marca e os consumidores continuam a querer vê-lo nos anúncios.


 


Portugal Telecom


 


Imagens de Marca: Porquê o recurso ao humor nestas campanhas?
PT:
O humor vive do inusitado, do novo, do diferente que pode ser explorado sem complexos na publicidade se conseguirmos ter uma personagem com histórico de bons registos de humor e que acima de tudo passe a mensagem de produto de uma forma clara. Por outro lado é uma forma de diferente do habitual de mostrar a utilização de um produto que se utilizada com variedade, pode ser uma abordagem consistente ao longo do tempo.


 


  
IM: Qual a estratégia que a marca quer desenvolver ao associar os seus produtos/campanhas a figuras relacionadas com o humor?
PT:
O ponto de partida estratégico da marca passa por existir uma ideia que suporte a comunicação eficaz de produto a longo prazo, um fio condutor que materializado na  campanha mas que não obrigue a personalidade substituir a ideia ou sobrepor-se à marca, é fundamental que a personagem contribua com o seu potencial de humor. No caso da TMN, por exemplo, e da participação de Nuno Markl, com o seu peso de opinion leader de web, para dar consistência ao discurso da marca e do produto banda larga enquanto utilizador que a desafia todos os dias, acrescentando por isso valor à ideia da campanha e suportar a estratégia geral da marca.


 


IM: A nível de retorno e notoriedade… este é um caminho cada vez mais a seguir? Que especificidades traz?
PT:
A notoriedade constrói-se com eficácia, bom produto, boa ideia, e na história do utilizador/personagem contada com humor que quanto mais inusitado mais pode aumentar as referências espontâneas à marca. O caso do Meo é o exemplo máximo disso. Uma marca que desde o seu lançamento (e consequente utilização do humor dos Gato Fedorento) obteve índices de recordação espontânea e notoriedade espantosos, sendo que em 2009 o Meo foi a marca com maior recordação em Portugal (seguida da .. TMN).
O exemplo da Banda Larga tmn com o Nuno Markl, tinha o desafio de estarmos a vender um produto que tem para além da associação à navegação na internet, a necessidade de explicar a utilização do mesmo, algo que se pode tornar pouco apelativo e até visto em várias campanhas, mas com o uso de de humor vem ajudar a acrescentar valor, recordação, e se for com vários histórias associadas melhor, mais curiosidade cria e estimula a reacção do consumidor.


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