^{_{Madalena Abreu especializou-se em Marketing Religioso, e escreveu um livro sobre a matéria. Com a vinda do Papa Bento XVI a Portugal, o Imagens de Marca falou com ela para perceber o que é o marketing religioso, com o que é que mexe e o que implica.}}

 

 

^{_{Imagens de Marca: O que é na realidade Marketing Religioso?
Madalena Abreu: O marketing religioso não é mais do que a aplicação do marketing às organizações religiosas, podendo usar-se indistintamente os termos “marketing religioso” e “marketing das organizações religiosas”. Isto é, trata-se da utilização de um conjunto de princípios e ferramentas nas organizações religiosas, reconhecidas oficialmente como tal, cuja actividade principal é a prática e difusão de um credo, tendo como objectivo o desenvolvimento qualitativo e quantitativo dessas mesmas organizações.}}

 

^{_{IM: Há quantos anos existe este tipo de marketing em Portugal e como tem evoluído?
MA: O termo só foi divulgado, daquilo que eu pesquisei, no momento em que há uma dissertação de mestrado sobre o tema no ISCTE, em 2003, e a publicação de um livro, “Marketing Religioso – Imagem e Posicionamento do Santuário de Fátima”, 2005, ambos da minha autoria. Mas, na minha percepção, estas práticas são utilizadas desde sempre, embora sem este nome (aliás, deve atender-se à própria evolução do conceito de marketing e sua aplicação a diferentes actividades organizacionais). Só ultimamente este conceito começa a ser aceite e aplicado nestas organizações como algo legítimo.}}

 

^{_{IM: Quem utiliza este tipo de “ferramenta”?
MA: Sacerdotes, freiras, leigos empenhados nas organizações religiosas, e outros interessados nestas organizações.}}

 

^{_{IM: Como é que em Portugal está a ser posto em prática este marketing, tendo em conta a visita do Papa?
MA: Penso que ao atentar-se na divulgação feita pela coordenação-geral deste evento é possível perceber que muitos dos conceitos estão presentes.}}

 

^{_{IM: Faz sentido a existência de marketing religioso? Como é que os consumidores o vêem?
MA: Faz todo o sentido. Aliás, da minha própria experiência e entendimento, uma organização religiosa tem responsabilidade em utilizar uma ferramenta que a ajuda na prossecução da sua missão. Trata-se de cuidar melhor das pessoas por quem esta organização se responsabiliza. Relativamente aos consumidores, e olhando especialmente para os fiéis, esta ferramenta da gestão é muito mal vista, mal amada, e apontada apenas como um meio de obtenção de dinheiro.}}

 

^{_{IM: Quem ganha com este tipo de marketing?
MA: Ganhamos todos. Todos aqueles que procuram activamente viver a sua fé enraizada no mundo, celebrando-a e fazendo-a crescer no âmbito da sua comunidade religiosa.}}

 

^{_{IM: Pode considerar-se “Fátima” como uma marca?
MA: Claro. De um ponto de vista académico foi isto que trabalhei; quer  dizer, utilizar o marketing como abordagem a uma organização religiosa, neste caso, o Santuário de Fátima. E isto é feito tendo como objectivo ajudar a organização no encontro  com os seus públicos, em especial, os peregrinos.}}

 

^{_{Madalena Abreu é mestre em Gestão de Empresas, docente no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra e autora do livro “Marketing Religioso”. É ainda consultora de marketing e angariação de fundos para o terceiro sector. Neste momento a sua investigação de doutoramento e interesse recai sobre o tema “motivation for donations for religious and secular organizaions”.}}