26 de março de 2010

Dossiê

As marcas foram alvo de um estudo junto dos consumidores. Com a assinatura das Selecções do Readers Digest, esta análise diz-lhe quais são as marcas que ganharam este ano o selo “Marca de confiança”… até quando se fala de políticos.


 


 


Pelo décimo ano consecutivo, as Selecções do Readers Digest voltaram a atribuir o selo “Marca de Confiança 2010” às marcas que os seus leitores elegeram. Este estudo, que avalia os níveis de confiança dos assinantes desta revista relativamente a profissões, instituições e marcas, em 16 países da Europa, não deixou Portugal de fora.
“ A confiança (e a lealdade que lhe está associada) é um dos mais poderosos drivers da equidade de uma marca. Ela é construída tendo por base os diversos sinais que a marca emite, quer se trate de da comunicação formal, quer da comunicação informal que tem tido uma importância crescente com o advento das novas tecnologias e com o protagonismo dos variadíssimos grupos sociais com dinamizam, em larga medida, influências e recomendações que já não passam pelas mensagens da marca mas sim pelas de outros consumidores.
Todos os pontos de contacto da marca com os seus vários públicos contribuem – para o bem ou para o mal – para esta componente de valor que, na verdade, não se pede ao consumidor: ou se merece (pelo cumprimento da promessa de valor) ou não se merece e, então, de pouco valem grandes campanhas de marketing a afirmar que o produto é bom e confiável.
A experiência tem-nos mostrado que, com frequência, a confiança numa marca é abalada por via de uma má experiência: um contacto telefónico insistente ou inoportuno, uma reclamação não satisfeita, uma promessa de valor não cumprida e tantos outros aspectos negligenciados”, afirmou ao Imagens de Marca  Carmo Leal, Investigadora do Marketing FutureCast Lab e docente convidada no ISCTE Business Scholl.
A investigadora lembra que “a publicidade, por si só, não faz bom um mau produto. A atitude de marketing é uma filosofia que começa na cabeça das pessoas da empresa detentora da marca em causa”.
“Naturalmente que conhecer as tendências do mercado é essencial para a eficácia das políticas de marketing. De outra forma, estaremos a correr o risco de estarmos a deitar dinheiro fora…”, remata Carmo Leal


 


 


 


As marcas dos portugueses


 


Na categoria Automóveis a marca de eleição este ano foi a Toyota, enquanto nos Seguros de Saúde foi a Multicare.
Os resultados deste estudo mostram que a confianças dos votantes vai para além das marcas portuguesas. A Nívea é, há dez anos consecutivos, a Marca de Confiança na categoria Cuidados com a Pele (Corpo). Também marcas como Visa, Fidelidade Mundial e a Caixa Geral de Depósitos mantêm posições de liderança nos segmentos de Cartões de Crédito, Seguros e Banca, respectivamente.
Já a Empresa de Serviço Público eleita foi os CTT e na categoria Canais de Televisão a RTP1.
A Worten e a Moulinex destacaram-se nos segmentos Cadeias e Lojas de Distribuição (não alimentar) e Pequenos Electrodomésticos, respectivamente. Duas categorias que surgiram este ano, tal como Águas de Mesa e Detergentes para Máquina de Loiça, onde a Luso e a Sun arrecadaram o selo de confiança dos portugueses.
No segmento Hiper/Supermercado o selo fica mais uma vez na mão do Continente
No Computadores pessoais foi eleita a HP, no Telemóveis a Nokia, na Rede de Telemóveis a TMN e nas Empresas de Serviço de Internet o Sapo.
Na área da farmácia, as marcas eleitas foram o Centrum (Vitaminas), o Bem-U-Ron (Analgésicos), Ducolax (Laxantes), Mebocaína (Medicamentos para as Dores de Garganta), Halibut (Cremes de Tratamento para Problemas de Pele), e Bisolvon (Medicamentos para Tosse e Constipação).
Em Portugal, este estudo foi realizado através de questionário postal endereçado a 12.200 assinantes da revista Selecções do Reader’s Diges, com 40 categorias em análiset.
Dos inquiridos, em Portugal, 53% são mulheres e 47% são homens, e a idade média das pessoas que responderam ao estudo é 48 anos.


 


 


 


Política 2.0


 


 


A popularidade da “marca políticos” continua a cair em Portugal e na Europa. Ao que parece não há campanhas de marketing e assessorias de imagem ou comunicação que lhes valha. Segundo o estudo da Selecções do Readers Digest, a profissão de político é das que menos confiança merece por parte dos portugueses.
O Imagens de Marca falou com Rodrigo Moita de Deus, Director Geral da NextPower e especialista em marketing político, a quem solicitou que comentasse esta reacção dos portugueses aos políticos, à luz das campanhas de marketing que são realizadas em torno dos mesmos: “O problema pode estar para além da confiança e da desconfiança. Pode estar na responsabilização que os cidadãos exigem da política e da desresponsabilização dos políticos. Pode estar no lugar comum repetido à exaustão de que “os políticos são todos iguais”. Em 35 anos tudo mudou. Mudou o mundo, mudou o país e mudaram as pessoas. A política continua igual. Não mudou com os tempos”.
O especialista vai mais longe ao afirmar que a política “ ficou parada no tempo, contribuindo para este sentimento de descrença absoluta. Acresce ainda que hoje o escrutínio é muito maior. A exposição é muito maior. É permanente e a política simplesmente não está preparada para isso”.
“E se hoje utilizamos novos meios para comunicar política (como a Internet ou as redes sociais), a verdade é que a linguagem é exactamente a mesma. A política 2.0 não está nos meios que usamos mas na linguagem e na interacção com os cidadãos”, conclui. 
Para Carmo Leal “um político é, de alguma forma, uma marca que tem uma mensagem para passar. Defende valores e alterações de comportamentos e tem públicos que quer atingir”.
“Nesta medida, o político deve ser enquadrado numa estratégia de marketing que tem como objectivo ‘vender’ um produto. Ora, na verdade, o que se passa na maioria das vezes, é que os políticos não passam uma imagem coerente do que querem e defendem, mas sim de algum oportunismo. Contam, para além disso, com uma herança geracional negativa que lhes atribui motivações normalmente interesseiras e pouco fiáveis.
Como em qualquer outro produto, o político tem que ter uma proposta de valor que faça sentido para os seus públicos (segmentados, naturalmente, porque não é possível agradar a todos) e tem, sobretudo, que a comunicar de forma consistente, apelativa e clara.
As pessoas sabem distinguir as boas das más propostas e, mesmo que não concordem em absoluto com a proposta de valor, sabem reconhecer a coerência da mensagem e a genuinidade dos propósitos.
O problema é que as marcas não podem ter a memórias curta: se prometem, têm que entregar!
No nosso passado recente temos tido alguns bons exemplos de políticos cujos princípios defendidos não foram consensuais mas que conseguiram, ainda assim, uma imagem de incontornável respeito, até de adversários políticos. É o triunfo da consistência ou, se preferirmos uma linguagem mais de marketing, o triunfo de um posicionamento coerente”, explicou a investigadora.


 

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