Qual é a marca distintiva de Lisboa? Para as várias personalidades presentes na Conferência «City Branding», realizada na Sala do Arquivo dos Paços do Concelho de Lisboa, a resposta não é clara e a solução para que a capital portuguesa ganhe destaque no mundo das cidades globais passa por adotar estratégias de «city branding».
À Vereadora da Economia da Câmara Municipal de Lisboa coube a tarefa de dar início a esta sessão, realizada em parceria com o Urban Land Institute. Graça Fonseca começou por explicar a importância de abrir na capital um espaço de discussão em torno da marca cidade. Para a vereadora, a afirmação da identidade de Lisboa e a construção de uma marca são elementos centrais para se conseguir atrair e reter talentos, investimento, criar e oferecer valor a quem a visita, aos seus habitantes e a quem nela trabalha.
“Hoje em dia existe uma enormíssima competição, já não tanto entre estados, mas fundamentalmente entre cidades, entre regiões, por recursos globais, como investimentos, talentos, dinheiro, infra-estruturas. Hoje em dia é fundamental nessa competição global que as cidades se apresentem com uma história, com identidade clara, inequívoca. O que é Lisboa? Para o fazer, para contar essa história, que una os diversos agentes e os diversos parceiros da cidade, é importante adotar a estratégia do «city branding»”, explica Graça Fonseca.
Mas que estratégia é esta? Segundo o primeiro orador, Greg Clark, membro do Urban Land Institute, e especialista em temas de competitividade urbana, o conceito de «city branding» consiste na capacidade de colocar todos os organismos e cidadãos a falar de uma mesma história e mesma marca, de modo a que a cidade consiga obter recursos globais, nomeadamente investimentos.
O especialista explica o trabalho que Lisboa tem de fazer no futuro por forma a tornar-se numa “cidade estratégica”: “o próximo conjunto de tarefas passa por construir uma aliança entre os cidadãos e as organizações de modo a passarem a mensagem dentro da cidade, e posteriormente desenvolver um sistema de marketing, utilizar os embaixadores e todos os cidadãos para vender a cidade lá fora”.
Uma estratégia que trouxe frutos a cidades como Amesterdão. A segunda oradora da sessão, Geerte Udo, Diretora de Marketing da Amsterdam Marketing, mostrou como é que a capital holandesa ultrapassou a imagem de drogas e bairros vermelhos, bem como os mecanismos que colocaram a marca “I AMsterdam” no “top five” das melhores cidades para negócios e congressos, e também para viver.
Seguiu-se Mateu Hernandéz, Presidente da Barcelona Global, que explicou detalhadamente como é que Barcelona tem estado a trabalhar a questão do «city branding», salientando a importância de uma estratégia a longo prazo e destacando a importância da integração de toda a área metropolitana na construção de uma imagem da cidade.
A importância da continuidade e persistência, independentemente das mudanças políticas que possam ocorrer, como dois dos ingredientes do sucesso, da passagem e compreensão daquilo que se quer que seja a marca Lisboa, para o mundo e para todos os portugueses, foi uma referência constante ao longo da conferência. Mas qual a mensagem a veicular?
Para Graça Fonseca, Lisboa é a “cidade da descoberta”. “Se formos às nossas raízes, Lisboa era um local de partida para as descobertas. Era um local de onde saíam as pessoas para o mundo e traziam do mundo aquilo que o mundo tinha para oferecer a Lisboa. Quando nós pensamos em jovens empresários ou nas start-ups que estão na baixa, eu olho para eles como descobridores. Estão a fazer uma descoberta em Lisboa para o mundo, porque a ambição deles é tornarem-se globais”.
O desafio é, portanto, descobrir, com todos os cidadãos, empresas, associações e agentes culturais, se essa é, de facto, a identidade que Lisboa quer comunicar em uníssono ao mundo. Algo que, na opinião da vereadora, se constitui como uma peça fundamental dentro de uma estratégia de crescimento económico.
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