A prestação de Portugal no festival de criatividade Cannes Lions deste ano veio contrariar a maré de conquistas que o país tem vindo a arrecadar nos últimos tempos em eventos como o Euro 2016 ou o festival da Eurovisão. Este ano vêm para solo português três leões: um Young Lion de Bronze na categoria de Design; outro Young Lion de Bronze na categoria de Marketing, e um Leão de bronze conquistado pela FCB de Lisboa, nos Health Lions com a campanha de rádio ’Disclaimer’ para a marca de preservativos Harmony, da Beiersdorf.
Vasco Perestrelo CEO da MOP, empresa representante do Cannes Lions em Portugal, em entrevista ao Imagens de Marca, referiu que considera que a prestação de Portugal este ano foi fraca. “Eu acredito que ainda estamos em processo de saída da crise e acho que isso se refletiu no número de prémios que tivemos, e acho, que agora com as boas notícias económicas e com o mercado a voltar a crescer, espero eu, que venha a ter resultados no ano que vem. Falando de Young Lions, uma competição que me é muito querida: embora não tenhamos ganho nada tivemos dois terceiros lugares em duas categorias o que é sempre simpático porque nós apostamos muito nos jovens e em dar possibilidades aos jovens e nesse capítulo foi relativamente simpático. Mas não escondemos que em termos de prémios na parte do mercado foi um bocadinho abaixo das expectativas. No ano passado recuperámos um bocadinho e esperávamos que se refletisse nos resultados deste ano.”
O festival de criatividade Cannes Lions recebeu este ano uma forte componente tecnológica, onde as marcas deste setor estiveram muito presentes na edição deste ano com patrocínios e ativações em vários espaços do recinto e até mesmo nos hotéis onde estavam alojados os participantes.
“Eu acho que são reflexões e consequências do que se está a passar no mercado. Por um lado do ponto de vista económico, estas empresas estão a ter uma parte de uma cadeia de valor que antes estava mais dispersa, portanto, o mercado das agências hoje, talvez tenha perdido rentabilidade como consequência disso” – refere Vasco Perestrelo.
Este foi também o ano em que o Grupo Publicis, um dos maiores grupos de publicidade a nível mundial, anunciou que nenhuma das suas agências iria participar em prémios locais, nacionais ou internacionais. Segundo João Gomes de Almeida, que escreveu para o ECO, a Advertising Age estima que o Grupo Publicis tenha gasto só este ano, em Cannes, cerca de 20 milhões de dólares. Deste valor 2 milhões foram para inscrições de trabalhos. Arthur Sadoun, CEO do Grupo Publicis, anunciou que o valor gasto em festivais será aplicado na criação de uma plataforma digital chamada “Marcel” que terá como função fazer a ligação entre todos os funcionários de todas as agências do grupo.
“A lógica de usar a criatividade e a premiação para servir de promoção à própria industria é uma fórmula de sucesso e não de insucesso. Agora, a partir do momento em que alguma parte da indústria começa a ficar pressionada, em termos de custos, é inevitável que olhe um pouco para essa presença porque dali pode poupar muito dinheiro. E eu acho, que no caso da Publicis, é metafórico em relação a isto que eu dizia do mercado porque eles desinvestem dos prémios para investir numa plataforma tecnológica própria. Mas isto não é porque Cannes quer, é por ser onde os consumidores estão. O festival nesse sentido vai atrás das tendências do mercado. Não sei se está familiarizado com o “The Innovator’s Dilemma”, escrito por Clayton Christensen. Nesse livro ele defende que nesta era do Facebook, os empresários têm os seus negócios constantemente em perigo, portanto, têm que estar constantemente a inovar e a por em causa o conforto que têm hoje.” – explica o CEO da MOP.
A organização do festival foi ainda acusada por parte dos patrocinadores detentores de agências criativas de ser um festival muito caro e pouco focado na criatividade. Face a estas críticas a organização refere que irá formar um grupo de trabalho com vista a melhorar estes pontos.
“Não há uma relação direta, porque o retorno do investimento em Cannes é visto ao longo do ano e a médio prazo, não no imediato. Mas uma coisa é certa, antes havia uma metodologia que funcionava em que as agências todas prosperavam dentro deste modelo e agora como estão mais postas em causa, se calhar tem que se pensar um bocadinho melhor como é que se pode ajudá-las nesse sentido. Mas o problema não está lá, acho eu, Cannes é o um modelo muito bom para o setor no sentido em que é a melhor forma, pela criatividade, do setor se valorizar. Agora, se gasta muito dinheiro, se pode gastar menos, se pode fazer as coisas muito melhor… isso acho que pode sempre. Agora o principal desafio está em perceber como fazemos a transição para este mundo digital.”
Mas vamos aos Grandes Prémios:
Grand Prix For Good: Amnesty International: Refugee Nation
Film: Channel 4: We’re the Superhumans
Titanium: State Street Global advisers: Fearless Girl
Integrated: Boost Mobile: Boost Your Voice
Film Craft: The Blaze: Territory
Digital Craft: Bjork: Notget VR
Creative Effectiveness: Art Institute of Chicago: Van Gogh’s Bedroom
Radio: KFC: Double Down
Entertainment For Music: Adidas: Original Is Never Finished
Entertainment: Santander Bank: Beyond Money
Media: Jet.com: Innovating Saving
Design: AP Thailand: The Unusual Football Field Project
Product Design: Tigo-Une: Payphone Bank
Direct: Burger King: Google Home of the Whopper
Mobile: Recruit Lifestyle Co. Seem
Creative Data: Whirlpool: Care Counts
Innovation: IM Swedish Development Program: Humanium Metal
Cyber: Mailchimp: Did You Mean Mailchimp
Cyber: Transport Accident Commission Victoria: Meet Graham
Cyber: Bank of Aland: Aland Index/Baltic Sea Project
Outdoor: Twitter
Nontraditional Outdoor: Fearless Girl
PR: Fearless Girl
Glass: Fearless Girl
Print & Publishing: Burger King: Flame-Grilled Since 1954
Promo & Activation: Boost Mobile: Boost Your Voice
Health & Wellness: Transport Accident Commission Victoria: Meet Graham
Health Grand Prix For Good: Ministry of Public Health Afghanistan: Immunity Charm
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