“Puxar a Brasa à Minha Marca”

14 de junho de 2012

“Puxar a Brasa à Minha Marca”

Miguel de Sousa, Analista de Tendências para a Trend Hunter e Science of The Time e Gestor de Inovação.

Desde há pelo menos um mês para cá, que as televisões, rádios e internets dos portugueses têm vindo a ser invadidas por mensagens sobre a seleção nacional, seja para vender algo ou para apoiar a mesma.

Isto não acontece por acaso. Na realidade este acontecimento é enaltecido pela crise… Permitam-me explicar melhor: com o aparecimento da crise os consumidores viram-se obrigados a redefinir e a transformar as suas prioridades, principalmente de consumo, por conseguinte tornando-se mais exigentes com aquilo que consomem.

Acontece que adjacente a esta redefinição de prioridades, as chamadas mudanças de mentalidade de comportamento do consumidor, está um comportamento de pertença emocional ao nosso país, isto é, hoje mais do que nunca os consumidores portugueses procuram produtos portugueses para ajudar o país a ultrapassar a crise, mostrando assim o  seu patriotismo.

Estas alterações, levam os consumidores a procurarem elos emocionais que os ajudem a esquecer a crise momentaneamente, ou mesmo a ultrapassá-la. Atualmente temos exemplos muito claros disso, por exemplo, o Rock In Rio Lisboa 2012 teve cerca de 353 mil, fazendo o bilhete mais barato, cerca de 41€ ou 48€,  é fazer-lhe as contas.

Mais ainda, temos muitos outros festivais, os próprios santos populares ou até mesmo a seleção nacional de futebol. Está tudo relacionado com experiências memoráveis emocionais que ajudam os consumidores a esquecerem-se momentaneamente da crise.

No caso da seleção nacional, por exemplo, tem sido de tal forma explorado que começaram a aparecer críticas duras sobre a forma de gestão da própria equipa de futebol, mas não vamos entrar por aí, que já é outro caminho. Acontece que mesmo estas críticas são impulsionadas pelos próprios media que aproveitam esta situação, e procuram espicaçar este ou aquele para falar sobre a seleção, e mais uma vez despertar o interesse de grande parte dos portugueses.

A realidade é que por mais que apareçam críticas esta realidade vende, pois existe um elo emocional com a seleção e com o nosso patriotismo, principalmente lá fora – sempre com a máxima “Pequenos mas Bons!”

Os consumidores portugueses lidam com a crise através do desenrascar, com as festas e com o que é inesquecível! Nunca os Santos Populares fizeram tanto sentido para as pessoas, mesmo que muitas delas não saibam a sua origem ou o nome de todos os santos.

Em suma, atualmente as marcas em Portugal têm que criar elos emocionais fortes com os seus consumidores (respondendo assim às suas necessidades atuais e emergentes), mostrando-lhes que irão ajudá-los a atravessar este momento menos bom, seja através do apoio ao “produto nacional” ou através de um elo experiencio-emocional, com momentos inesquecíveis ou algo que os remete para uma altura em que as coisas estavam melhores.

O chamado conceber experiências por forma a envolver os clientes, em vez de os tratar como um alvo.

Ps: O que é verdadeiramente nacional, não precisa de ser Gourmet!

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Miguel de Sousa

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