“País Rico não é aquele que pobre anda de carro…”

6 de setembro de 2013

“País Rico não é aquele que pobre anda de carro…”

Miguel Caeiro, fundador The Street Brasil

rico_transporte“País Rico não é aquele que pobre anda de carro. É aquele que rico anda de transporte público.”

Este título de um excelente artigo de opinião do Jornal o Estadão de São Paulo de Junho de 2013 reflete bem o caminho a percorrer na vida em sociedade para as principais metrópoles brasileiras quando comparadas internacionalmente.

Ainda mais quando contrastado com este outro título do site “Auto Esporte” de Julho: “Brasil sobe para 4º no ranking mundial de venda de carros”. Em 2013 são emplacados (matriculados) cerca de 10.000 veículos ligeiros por dia(!), mais de 3 milhões por ano.

Escrevo estas linhas com ignorância científica sobre os assuntos versados, mas com a experiência de cidadão, como empresário e empregador, e como observador atento da realidade em causa, reforçado pela isenção de estar totalmente desprovido de qualquer interesse económico em qualquer uma das soluções ou estratégias.

É de fácil constatação o literal entupimento das vias rodoviárias das principais cidades, sendo “normal” perder cerca de duas ou mais horas por dia em filas de trânsito apenas para o deslocamento casa/trabalho.

São também habituais as filas intermináveis de camiões de mercadorias nas estradas municipais e inter-estaduais, com os crónicos problemas de segurança e sinistralidade.

É neste periclitante equilíbrio entre os “novos consumidores” que querem ter o seu próprio carro, inundando o parque automóvel a um ritmo que o futuro não suportará, e as questões logísticas das grandes cidades que obrigam a novas e duras medidas de controlo de acesso e corredores prioritários, enquanto ao ritmo possível se desenvolvem os meios de transporte publico e as crescentemente famosas ciclovias, que se vive nas ruas Brasileiras em 2013.

bicicleta_cidadeÉ claramente na questão de infra-estruturas, utilização da tecnologia como catalisador da inovação e na rápida implementação de best practices, pulando algumas etapas de desenvolvimento, quer ao nível de soluções de tipo de soluções, tipo de veículos, tipo de combustível, e tipo de traçados e formas de controlo de acessos e preços, que o Brasil necessitará de estabelecer parcerias inteligentes e sólidas com bons e experientes aliados.

É também aqui que algumas empresas portuguesas podem ter um papel relevante.

Podem ser criticáveis alguns excessos de infra-estruturas construídas em Portugal nas ultimas décadas, mas poucos podem criticar a sua qualidade, eficiência e tecnologia associada. Quer ao nível rodoviário, ferroviário e mesmo de automação e soluções de urbanismo, creio que temos know-how e capacitação de sobra para poder ser útil e relevante para esta importante etapa de crescimento das cidades brasileiras.

Com algumas lições do passado recente português, talvez seja possível evitar que o Brasil repita os mesmos erros e potencie o seu crescimento com a incorporação das aprendizagens feitas.

Ainda esta semana recebi do expedito compatriota Rodrigo Tavares, Assessor Especial para Assuntos Internacionais do Governador de São Paulo, uma apresentação com o Portfolio de PPP’s do Estado de S. Paulo atualizada, listando os eixos prioritários  de desenvolvimento e de possível parceria. Uma leitura atenta despertará com toda a certeza a vontade empresarial de muitos.

Espero assim cumprir em alguns anos a minha, agora reformulada meta: “conseguir enriquecer e andar de transportes públicos no Brasil”.

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