OS 4 AGÁS

28 de Agosto de 2014 em Opinião

OS 4 AGÁS

“You never change something by fighting the existing reality. To change something, build a new model that makes the existing model obsolete.”

Buckminster Fuller

Gosto muito da forma como o Bucky [1]pensava e tento o mais possível seguir os seus ensinamentos.

Sendo um insatisfeito crónico, como aliás ele também era, passo a vida a construir novos modelos. Até acredito que alguns podem vir a deixar os outros obsoletos, se algum dia vingarem e para que isso aconteça, vou insistindo e aproveitando todos os espaços públicos que tenho à disposição, para meter lenha nas várias fogueiras que ardem por aí.

Sou um estudioso destas coisas do marketing e da comunicação, mais movido pela curiosidade que por qualquer outra coisa e recentemente ocorreu-me um modelo de marketing mix alternativo ao tradicional.

O marketing mix original baseia-se nos 4 Pês de McCarthy, popularizados por Kotler, Product, Price, Place, Promotion e embora tenham sido propostas várias evoluções, a verdade é que o modelo que continua a vingar é este.

O mundo mudou muito e quanto mais vou pensando nisto, mais vou achando o modelo tradicional uma das causas do status quo actual, essencialmente por ser virado para dentro, ou seja, para a empresa em vez de se virar para fora, ou seja, para o mercado. Para o fazer proponho substituir o tradicional marketing mix dos 4 Pês por um novo, os 4 Agás, respectivamente HUMANISMO, HONESTIDADE, HISTÓRIA e HIPER-ACTIVIDADE, que passo a explicar.

HUMANISMO

O que quer que a sua empresa vai criar, deve ser feito de um ponto de vista humanista, ou seja, para melhorar a vida das pessoas, por oposição ao foco anterior de ‘vender muito’. Quando falamos em melhorar a vida das pessoas, incluímos as das que vão trabalhar na sua empresa, dos que vão distribuir o produto, dos que o vão vender e dos que o vão comprar. Ou seja, parece-me que o modelo tradicional põe o foco no retorno para a empresa e eu proponho por o foco em todas as pessoas que contactam com o produto, desde os que estão na fábrica / escritório / atelier a produzi-lo,   aos que o distribuem, promovem vendem, utilizam e prescrevem. Isto cria uma associação de valor ao produto, em toda a sua linha de vida, que nunca poderá ser atingida no mix vigente.

HONESTIDADE

A era das empresas e marcas arrogantes e obscuras está a chegar ao fim (espero). Nunca os mercados estiveram tão atentos e com o acesso à informação tão facilitado como agora. Empresas que não sejam totalmente transparentes, em todos os níveis da sua actividade, põem-se a jeito para lhes cair o mundo em cima, geram ondas de insatisfação, a começar pelas próprias pessoas que lá trabalham, vivem num constante estado explosivo latente onde a produtividade é substituída por uma constante necessidade de resolução de problemas que não acrescentam à cadeia de produção de valor. Acredito mesmo que no dia que substituirmos o medo de falar por total transparência, vamos ter empresas mais dinâmicas e competitivas.

HISTÓRIA

Gostamos de histórias. Envolvemo-nos e aprendemos com elas. É a melhor forma que o ser humano encontrou para passar informação e angariar simpatia e empatia, por isso, pense bem qual é a história que quer contar com a sua empresa. Comece pela moral da história, aquilo que quer que perdure, que marque, e depois construa um enredo que servirá de guião para tudo o que faz, para a forma como o faz e para a forma como mostra o que faz. É assim que vai construir uma marca que as pessoas vão percepcionar tal e qual pretende que o façam, seja em que media for ou qual for o motivo da conversa.

Costumo dar o exemplo da Nike, que em vez de vender equipamento desportivo, segundo a forma como o mix tradicional entende a venda, persuade-nos com uma história de superação de nós próprios, desafia-nos com o seu Just do it e é assim que nos envolve e nos põe a preferir comprar os seus produtos.

HIPER-ACTIVIDADE

O mix de comunicação dos 360º e dos mass media está obsoleto, os canais de distribuição tradicionais estão-se a re-inventar, tudo está a mudar e o que não está precisa de o fazer. Por isso o 4.º Agá é a hiper-actividade que as marcas têm de ter, em todas as frentes e com todos os públicos, para se manter 365 dias presente nas vidas de todos. Isto é válido para a utilização de múltiplos canais de distribuição ou até para a invenção de novos, para a comunicação permanente, bidireccional, interactiva e relevante, para a organização dos fluxos de trabalho e de lazer com as várias equipas e até para os horários e metodologias. Tentar permanentemente melhorar os processos e os outputs, sem medo de falhar e de aprender com isso, de escutar o mercado e de adaptar a empresa aos inputs recebidos.

Isto é apenas um rascunho do que pode de facto ser uma nova abordagem ao marketing mix, feito com base na minha experiência e desejos, sem medo de estar a dizer coisas que alguns de vocês vão considerar disparates impraticáveis. O que pretendo sempre e em tudo o que faço, é procurar formas de ter mais prazer, com melhores resultados e com pessoas mais felizes com o meu trabalho.

Lanço-vos o desafio de pensarem comigo e fico a aguardar os vossos comentários e sugestões.

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