Opiniões que Marcam

6 de Junho de 2008 em Opinião

Montamos móveis, reparamos chuveiros, instalamos auto-rádios (cada vez menos…) aumentamos a capacidade do nosso PC. O número de tarefas que desempenhamos sem a ajuda de profissionais, mesmo complexas tecnicamente, é grande.


 


Encontramos na Net inúmeros fóruns de discussão que ensinam a “fazer sozinho” jóias ou a poupar energia, há canais no cabo (veja-se a DIY Network) que oferecem 50.000 $ à melhor porta de garagem feita “em casa”.


 


Nada disto é novo, e podemos até tentar encontrar a origem desta tendência em movimentos culturais e filosóficos com mais de um século, como o DIY, com motivações de revolta em relação à sociedade de consumo, de negação do capitalismo e – por tabela – das Marcas em geral.


 


A revolução digital dos últimos 10 anos criou uma lógica de participação social com milhões de pessoas a partilharem on-line os seus conteúdos: surgiu a Geração C (C de criatividade ou de conteúdos) e a Internet quase entupiu com uploads de filmes, e de fotos, com blogs e música. Tudo feito em casa.


 


É diferente construir uma prateleira lá em casa e criar um home-video? Na essência não é, mas o resultado de um e de outro “bricolage” para a sociedade é muito diverso.


 


Os sites de partilha de vídeos vieram perturbar de forma irreversível o panorama da indústria dos Media e do divertimento, enquanto a prateleira feita na varanda das traseiras não ameaça verdadeiramente o IKEA.


 


E ainda por cima, o criador de conteúdos caseiros pode ganhar dinheiro com isso: o site www.revver.com chegou a dividir as receitas de publicidade que arrecadava com aqueles que descarregavam para lá vídeos. Quanto melhor o vídeo, mais receitas associadas, e maior o rendimento do feliz “videasta” amador.


 


Até aqui, mais uma vez, nada de novo.


 


Mas o que aconteceria se pudéssemos combinar a criatividade digital com a produção de bens físicos? Para retomar o nosso exemplo, se pudéssemos desenhar a prateleira, produzi-la e partilhá-la com milhões de pessoas? E vendê-la ainda por cima?


 


Os mais atentos já foram a  www.cafepress.com dar uma olhadela às T-shirts criadas por gente anónima e que é possível comprar on-line. É um primeiro passo mas pouco espectacular porque cheira a feira.


 


Mais impacto tem o site neo-zelandês www.ponoko.com/makeandsell que nos propõe transformar ideias em objectos 3D:  faz-se o esboço num template de design disponível no site, escolhem-se os materiais, fixa-se o preço e coloca-se o produto numa montra on-line. A Ponoko assegura a produção física – por enquanto – mas garante um importante papel: o de criar uma comunidade de “criadores” que partilha ideias e traz para o mercado de massas produtos individualizados. E sem marca.


 


O aperfeiçoamento tecnológico leva-nos ao êxtase em www.frontdesign.se/sketchfurniture, materializando o desenho de forma espectacular e abrindo assim novos caminhos à produção on-line de objectos físicos de todas as cores e tamanhos.


 


Neste novo mundo, em que posso criar e produzir a minha roupa ou a minha mobília, não há lugar para as Marcas.  A menos que a Ponoko se torne numa.

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