Opiniões que Marcam

27 de Novembro de 2008 em Opinião

Depois da garantia de 20 mil milhões de euros concedida aos bancos para aparar os estragos da crise financeira internacional, nos últimos tempos, o Governo tem-se desdobrado em anúncios sobre linhas de financiamento para as PME. No início de Julho, foi a Invest 1, com 750 milhões de euros privilegiadamente para financiar projectos de investimento. Dois meses depois, uma linha de crédito no valor de 400 milhões de euros. A 11 de Novembro, três linhas de crédito, no montante de 1400 milhões de euros.


 


 


Existem em Portugal 296 928 pequenas ou médias empresas, classificadas pela definição europeia. Elas representam 99,6% do tecido empresarial, geram 75,2% do emprego e realizam 56,4% do volume de negócios nacional, segundo dados do INE, relativos a 2005. Esta não é uma característica exclusiva do tecido empresarial português: 99% das empresas europeias são PME.


 


Qualquer dúvida de que as PME são motores da economia dissipa-se ao ler-se as histórias das 18 empresas que premiamos nesta edição. São empreendedoras, inovadoras, competitivas, asseguram empregos. É destas empresas que falamos, quando falamos destes apoios.


 


Os dados mais recentes revelam que 40 mil PME encerram nos primeiros oito meses do ano, um aumento de 20% em comparação com o mesmo período de 2007. E as dificuldades sérias ainda nem se tinham feito sentir. Se o acesso ao financiamento é, tradicionalmente, um dos principais obstáculos ao desenvolvimento das empresas de pequena e de média dimensões, com a crise instalada nos bancos, a situação só tende a piorar. Antevêem-se problemas de tesouraria, a que há que acudir, pelo que estas medidas são necessárias e urgentes.


 


No contexto da análise do Orçamento do Estado, também muito se falou de política fiscal e particularmente do IVA. Sendo devido com a emissão da factura, e não do recibo, demasiadas vezes, os empresários vêem-se na circunstância de terem de entregar ao Estado o imposto, antes de terem recebido os montantes sobre os quais ele incide. O sistema é injusto e ilógico.


 


As empresas poderiam fugir ao fisco? Não se devem fazer leis partindo do pressuposto de que as entidades a quem elas se destinam são potenciais infractores a quem há que dificultar os golpes. Como dizia Carlos Moreira da Silva, presidente da BA Vidros, na Conferência Exame/Expresso, que decorreu no Porto, em relação à fiscalidade “há uma atitude persecutória em relação ao contribuinte, como se fosse um pirata.”


 


Com as PME a precisar de liquidez, um coro de vozes avolumou-se sugerindo que se o Estado cumprisse as suas obrigações, pagando o que deve pelos bens e serviços fornecidos, grande parte do sufoco de tesouraria destas empresas estaria resolvido. Assim, as medidas que o Governo aprovou para pagar a curto prazo às empresas as dívidas da administração central, no valor de 1200 milhões de euros, e das autarquias locais e regiões, em montante superior, só pecam por tardias. Vamos ver se não há desculpas de mau pagador.

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