Obrigado Alberto da Ponte
10 de Janeiro de 2017 em Opinião,Opinião
Existem chefes que ensinam, outros que apenas chefiam, outros que mostram o que não fazer e felizmente existem uns que te inspiram e tentam, a cada dia, tirar o melhor de ti. Tive o enorme privilégio de ter um desses.
Alberto da Ponte foi meu chefe direto durante grande parte da década de 90, tendo eu a honra e orgulho de ser seu Diretor de Marketing na Unilever para a área de Homecare (Higiene e limpeza caseira e algumas linhas de produtos de higiene pessoal).
Eras conhecido primeiro por Dr. Ponte, depois no auge das batalhas por Ponte e mais tarde simplesmente por Alberto, na justa medida em que o tempo e a idade avançavam e o “temor hierárquico” inicial se dissipava dando lugar a enorme respeito e cumplicidade profissional e amizade pessoal.
Líder carismático de suas “tropas”, introduziste no nosso léxico empresarial de então termos como “Drive”, “Resilience”, “Pioneering Posture” entre tantos outros, alguns hoje mais comuns, outros termos representavam verdadeiras inovações de postura e DNA corporativo. Com um ritmo, comprometimento e dedicação únicas, exigias com o mesmo fervor que te empenhavas, e nunca compreendeste como era possível não se apaixonar pelo que fazíamos.
Mascaramo-nos de militares, fizemos “war games”, simulávamos lançamentos e lançávamos falso produtos para enganar a concorrência, “investigávamos” toda e qualquer despensa e armário de casas de amigos que visitávamos (nos poucos momentos de lazer) para detetar produtos concorrentes e logo insultar e evangelizar pelos nossos, em suma de facto amávamos o que fazíamos sem restrições e conseguimos verdadeiros milagres no mercado, sendo rotulados no contexto europeu da Unilever como a “Aldeia do Asterix” onde os loucos dos romanos da Procter & Gamble, Henkel, Benckiser ou Colgate não conseguiam penetrar.
Todos os que fizemos parte das tuas equipas temos inúmeros episódios caricatos para lembrar, mas acima de tudo todos temos a sensação que o “furacão” Alberto ao passar pelas nossas vidas elas nunca mais ficavam as mesmas e que de forma única e impactante modificaste a nossa própria postura profissional para sempre.
Depois da Unilever foste travar outras grandes batalhas, primeiros nas Cervejas, onde colocaste a tua “Sagres” na liderança do mercado e no coração de todos os Portugueses, e mais tarde aceitaste o desafio de serviço publico de liderar a RTP, desafio onde com igual fervor te apaixonaste desde o primeiro minuto.
Construíste uma carreira de enormes desafios, na sua enorme maioria ganhos com distinção e com enorme aprendizado para os que te tem seguido, ao mesmo tempo que formas equipas fortes, robustas e com o mesmo DNA.
Recordamos juntos nestes dias em que te visitei em Lisboa por ocasião do Natal e Final de Ano vários destes e de outros episódios e ainda nos rimos bastante. Os olhos ainda te brilham quando recordamos cada vitoria, cada expulsão do mercado de um produto concorrente.
Tenho a plena convicção e fé que te empenharás, com a mesma resiliência e “drive” na luta que agora travas, com esse bicho maldito que resolveu te incomodar nesta fase da vida, e que rapidamente voltaras a desenhar novos desafios e a convocar tropas de elite para os derrotar.
Tal como me descreveste, encaras a doença como se de um business plan se tratasse, atacando cada etapa e medindo os resultados, ao mesmo tempo que desenhas o plano tático de ataque.
Tudo o que aqui escrevi tive a feliz oportunidade de partilhar contigo por estes dias, condimentado com outros pormenores e memorias que muitos risos proporcionaram.
Vou agora ter que regressar ao Brasil, mas no verão o almoço no Ramiro espera por nós.
“Uma marca para ser líder, primeiro necessita de ter Postura de Líder e como tal ser percebida pelo seu público, depois, mais cedo ou mais tarde, a liderança chegará.“– Alberto da Ponte.
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