No Centro de Portugal, “Até o lavar dos cestos, é Vindima!”

20 de Outubro de 2017 em Opinião,Opinião

No Centro de Portugal, “Até o lavar dos cestos, é Vindima!”

Em plena época das vindimas, é caso para dizer que o Enoturismo está literalmente no “Centro” do país. A Região Centro de Portugal integra as Comissões Vitivinícolas Regionais da Beira Interior, da Bairrada, do Dão, parcialmente, a de Lisboa e, residualmente, a do Tejo.

Viseu, é uma das principais portas de entrada para a região do Dão, uma zona que tem visto nos últimos anos a qualidade dos seus vinhos ser reconhecida internacionalmente. Por esta altura, naquele que é o berço da Touriga Nacional, várias quintas desafiam os mais curiosos a vindimar, e a descobrir as suas histórias e néctares. A região, que produz cerca de 45 milhões de litros por ano, tem hoje 5 rotas, divididas consoante as sub-regiões e itinerários principais, de forma a que os turistas não tenham que fazer grandes desvios. Uma estratégia concertada que visa posicionar o Dão como destino de enoturismo, e que tem vindo a atrair milhares de pessoas, incluindo jovens, que hoje interessam-se pela temática, não apenas pela questão de beber, mas pelo próprio conhecimento que retiram da visita.

Ali perto, encontramos outro território que diz despertar os sentidos e que cada vez mais pretende afirmar-se como um destino vitivinícola, distinguindo-se pela sua diversidade de oferta turística: a Bairrada. Um dos pontos de paragem é a Aliança Undergound Museum, um espaço expositivo, que se desenvolve ao longo das tradicionais caves da Aliança Vinhos de Portugal, e que, além de oferecer aos visitantes a possibilidade de fazerem várias degustações de vinho, espumante e aguardente, possibilita aos turistas conhecerem oito coleções de arte distintas do universo da Coleção Berardo, visando áreas como a arqueologia, azulejaria, cerâmica, etnografia, mineralogia e até paleontologia. Famosa pelo seu terroir e castas únicas, na Bairrada brinda-se à frescura do espumante. Um dos produtos mais procurados, que nos últimos anos tem visto nascer espaços diferenciadores, onde a arquitetura se encontra com interpretações mais modernas dos vinhos da região.

A região Centro é “um país dentro de um País”, e, por isso, um território com diversas sub-regiões com muito para descobrir. Nas chamadas Terras de Sicó, além das vertentes paisagística e patrimonial, a aposta nos produtos endógenos tem sido determinante para o desenvolvimento económico e para diferenciação desta zona.

Já no limite sul do centro do país, mesmo às portas de Lisboa, encontramos outra sub-região de grande riqueza em termos vinícolas: o Oeste. Terra de vinhos requintados, encorpados de aromas fortemente influenciados pela costa banhada pelo Atlântico e pelas características do seu solo. Este território tem um roteiro com 25 quintas, onde é possível conhecer o ciclo do vinho, participar também em vindimas e apreciar paisagens inesquecíveis e desconhecidas, apesar de estarem tão perto da capital.

Quem percorre a Rota dos Vinhos do Tejo, poderá encontrar a Rota “Tesouro Manuelino”, um percurso que inclui a histórica cidade de Tomar, cujo Convento de Cristo é considerado o expoente máximo do estilo manuelino, e que inclui a visita a um conjunto de quintas, desde Abrantes, Constância, Sardoal, Tomar, Torres Novas, a Vila Nova da Barquinha. Oportunidade de descoberta de vinhos capitosos, pitorescas adegas, antigas quintas solarengas, vinhos carinhosamente tratadas. Porque o Tejo é a terra de vinhos brancos, rosés e tintos que têm conquistado admiradores pelo mundo fora.

E na Beira Interior “até o lavar dos cestos, é vindima”. O provérbio dá o mote para experienciar, de corpo e alma, a Rota Turística da C.V.R.B.I. e descobrir os inesquecíveis lugares que a Beira Interior lhe dará a conhecer. A Beira Interior não lhe negará a diversidade das suas sub-regiões com os contrastes da serra, aldeias «históricas», lugares arqueológicos, castelos e, por toda a parte, monumentos, igrejas, solares, festas, bem como a marca dos diversos povos que por ali passaram. Os vinhos são influenciados pela montanha, rodeados pelas serras da Estrela, Marofa e Malcata e pela altitude com variações entre os 400 e os 700 metros. Os solos são de origem granítica na sua maioria, sendo os restantes essencialmente de origem xistosa. O clima da região é muito agreste, com temperaturas negativas no Inverno e Verões muito quentes e secos. Desta combinação de fatores resultam vinhos brancos de grande exuberância aromática e muita frescura e, nos tintos, vinhos com aromas complexos a frutos silvestres e especiarias, aliados a uma frescura marcante.

No Centro de Portugal, o vinho é mesmo um dos melhores pretextos para descobrir o património histórico e cultural desta região do país.

Pedro Manuel Monteiro Machado, Presidente da Entidade Regional Turismo do Centro de Portugal

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