Marca(s) Transfronteiriças

20 de janeiro de 2017

Marca(s) Transfronteiriças

Pedro Manuel Monteiro Machado, Presidente da Entidade Regional Turismo do Centro de Portugal

É certo e sabido que o maior mercado nacional de turistas, transversalmente, a todas as regiões de turismo nacionais, é o mercado interno, ou seja, “Portugal para os Portugueses”. Ainda que, nos anos mais críticos da crise económica que afetou a Europa e, em particular, o nosso país, o turismo interno se tenha ressentido, tem-se assistido, paulatinamente, a uma recuperação consistente do número de portugueses que optam por conhecer ou voltar a visitar muitos dos variados atrativos do nosso País.

O mercado interno é assumidamente o maior mercado do Centro de Portugal (58,05% das dormidas totais são provenientes do mercado interno em 2015), apesar de se verificar, ao longos dos últimos anos, um aumento do peso dos turistas internacionais.

Este é um dos mercados turísticos mais importantes se atendermos que está disponível ao longo de todo o ano, contrariando questões fulcrais como a sazonalidade. Os portugueses têm optado, por uma questão essencialmente de mudança de mentalidades e de comportamentos, por ir distribuindo as suas férias ao longo de todo o ano, procurando conhecer um pouco melhor o seu país. As férias já não são apenas “Sol e Mar”: são também sinónimo de cultura e património; são também natureza e desporto; são gastronomia e enoturismo. E Portugal tem tudo isto, e encerra, em si, um conjunto de vicissitudes e de características, num concentrado de produtos e atrativos que dificilmente se encontram noutros destinos.

Mas Portugal são cerca de dez milhões de habitantes, e tem ambição e condições para almejar ser conhecido e visitado por muitos mais turistas. E, a ser assim, e na lógica da proximidade, importa olhar para a vizinha Espanha: com uma área total de 504 030 km² e quase 50 milhões de habitantes torna-se, absolutamente, estratégico que a promoção turística considere uma aposta séria nesse mercado.

Esta é uma realidade a que a Turismo Centro de Portugal tem estado atenta. Nesta região, o mercado espanhol é o principal mercado internacional com 11,64% das dormidas totais, seguido de mercado francês (6,12% das dormidas totais), e do mercado alemão (2,85% das dormidas totais) do mercado brasileiro (2,78% das dormidas totais).

O mercado externo, que tem vindo crescer nos últimos anos, constitui um motor muito importante para a dinamização da economia local e regional. A internacionalização do Centro de Portugal em termos de desenvolvimento turístico é assegurada pela Agência Regional de Promoção Turística do Centro de Portugal – ARPTC, em parceria com a TCP, sendo que todas as ações de internacionalização estão profundamente ancorada às dinâmicas e orientações do Turismo de Portugal. Importa no entanto encontrar formas de potenciar este efeito de grande centralidade junto da marca Portugal e de, em simultâneo, encontrar clientes, nichos e mercados novos.

Esta Linha Estratégica de Ação prevê uma forte parceria com a ARPTC, assim como o desenvolvimento de um programa que tem como objetivo tirar proveito do saber e da experiência da presença passada e presente dos portugueses no Mundo assim como da força da língua e cultura portuguesa.

Se atendermos a que Região Centro Portugal tem cerca de 2, 5 milhões de habitantes, e que as suas congéneres espanholas, Estremadura e Castela e Leão têm, respetivamente, 1 milhão e 2,5 milhões de habitantes, estamos a falar de um potencial fluxo turístico de cerca de 6 milhões de turistas. E é neste contexto que surge a parceria com a Junta de Turismo da Estremadura, e estão a ser feitas diligências para se estreitar idêntica cooperação com a Junta de Turismo de Castela e Leão.

O território “Estremadura” e “Centro de Portugal” soma um conjunto de valências turísticas ímpares, desde Património (muito dele com classificado pela UNESCO como “Património Mundial”), Cultura, Gastronomia e Vinhos e Natureza, que sendo estruturado e promovido em conjunto, poderá alavancar ambos os destinos. E foi este o principal objetivo do recente lançamento, na FITUR, em Madrid, do “Mapa Transfronteiriço Centro de Portugal – Estremadura”.

Estamos convictos de que este é uma das formas mais eficazes para potenciar a Marca “Centro de Portugal”, mas também a marca-mãe, que é “Portugal”. Ainda que, historicamente, Espanha e Portugal tenham trilhado um caminho, muito dele pautado por profundas divergências e competição, se há algo que a história nos ensina é que, “juntos somos mais fortes, e juntos vamos mais longe”. A palavra de ordem não poderia ser outra que não “Cooperação”: para que haja um forte aproveitamento de sinergias, de recursos e de tempo. Fazemos votos que, com este trabalho, “fronteira” passe, doravante, a ser apenas um traçado no mapa e que, de facto, se torne sinónimo de algo que nos liga e nos aproxima.

¡Enhorabuena!

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Por Pedro Machado

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