IDADE – The Grey Cluster

20 de janeiro de 2014

IDADE – The Grey Cluster

Miguel Caeiro, fundador The Street Brasil

O vulgarmente denominado grey cluster, ou 50+, são a grande esperança para a economia das próximas décadas, seguramente no continente Europeu.

Pela relevância e atualidade do tema, volto ao tema IDADE, desta vez com foco num segmento que me apaixona do ponto de vista de marketeer: os novos seniores (ex-idosos, ex- velhos, ex-terceira idade, ….) ou como internacionalmente se têm classificado como o grey cluster. Neles reside um enorme potencial enquanto mercado consumidor, mas também, e aqui de forma mais inovadora, como profissionais, como empreendedores, como consultores, como voluntários e filantropos, mas acima de tudo como mercado vivo e dinâmico.

As estatísticas e tradições com que crescemos ensinaram-nos que primeiro tínhamos que estudar, para depois garantir um bom emprego, que na meta idílica dos 60 anos nos garantiria a famigerada reforma, chave para os “anos dourados” da velhice.

Sem grande estudo ou aprofundamento do tema, todos podemos concluir que tudo o que foi acima referido, e que moldou o nosso crescimento, são, à luz da atual realidade, um monte de mentiras e falsas ideias.

1)primeiro a esperança média de vida aumentou exponencialmente, proporcionando novos horizontes de vida, novas metas no nosso percurso terreno, e é hoje comum termos familiares e entes queridos a ultrapassar, com todas as faculdades mentais, a mítica barreira dos três dígitos.

2)Um adulto com 60 anos é hoje um profissional ainda no auge da sua produtividade, na maioria dos casos perfeitamente atualizado com a tecnologia reinante e com saúde, disposição e muita vontade de concretizar sonhos. Por decisão individual encontramos cada vez mais indivíduos que se pudessem trabalhariam seguramente mais uns 15 a 20 anos antes de entrar na tal fase dos anos dourados do descanso;

3)No entanto, o impiedoso mercado de trabalho “vomitou”, ao longo das ultimas duas décadas, milhares de pre-reformados, obrigando a reinventar ocupações, hobbies, micro-negócios e mesmo novas profissões e rejeita novas contratações para profissionais acima dos 40, considerados “velhos” para as organizações.

4)Muitos destes pré-reformados, depois de “uma vida” a viver um quotidiano laboral, tem um choque inesperado com o seu cônjuge ao se reencontrarem todas as horas do dia, e engrossam as filas dos divórcios após os 50’s e criam mais um fenómeno social desconhecido;

5)A sonhada reforma é hoje uma fantasia para muitos que durante décadas descontaram uma boa parte dos seus rendimentos para um sistema hoje reconhecidamente falido e incapaz de cumprir com as suas promessas.

Assim, olhando pelo lado positivo, teremos com ritmo exponencial um grupo de pessoas extremamente capazes, com conhecimentos de vida adquiridos, que ao contrário da geração atual já viveram vários ciclos da economia, e que vão, de várias formas revolucionar muitos mercados.

Irão surgir inúmeros produtos de consumo destinados a este grupo (esta tendência já se iniciou nos EUA e com alguma expansão para a Europa, mas ainda insipiente), vão com toda a certeza explodir os serviços, com especial destaque para o turismo e para as pequenas ajudas domésticas e de serviços profissionais de terceirização, e com forte probabilidade será necessário adaptar leis, regras e enquadramentos para uma realidade completamente distinta de sociedades.

Imaginem o potencial com novos hábitos alimentares, com novas necessidades de exercício físico, com exigências estéticas antes reservadas para os jovens. Imaginem o potencial no mercado das pequenas adaptações domésticas que todos nós iremos precisar nas nossas habitações, quer por questões de segurança, quer por questões de mobilidade. Imaginem o mercado dos seguros de saúde, que não poderão continuar autistas a pessoas com mais de 50 anos como hoje acontece. Imaginem…

Eu por mim, se me deixarem e se ainda souber o meu nome, tenho intenção de trabalhar até aos 110…

Ideia solta:

Poderá surgir deste grupo uma nova classe vocacional de professores? Com forte componente de conhecimentos adquiridos, com experiência de vida, com metas cumpridas, disponibilidade de tempo, encontraremos aqui um novo aditivo para o nosso sistema educacional?

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