CES 2017

15 de fevereiro de 2017

CES 2017

Pedro Sousa, Head of Digital Operations IPGMediabrands Portugal

Comemorou-se este ano o 50º aniversário desde que o evento tecnológico CES teve a sua primeira edição e mais uma vez a Feira de Tecnologia de Consumo de Las Vegas lançou os novos caminhos que a indústria trilha em termos de desenvolvimento com a presença de mais de 3.800 companhias.

Depois de vários rescaldos e do frenesim dos dias do evento, mais do que o inevitável elencar do que se viu de novo, é tempo de ponderar como a indústria da comunicação se está a preparar para uma realidade cada vez mais atual e não uma miragem Sci-fi.

Seria demasiado provocador afirmar que o CES nos trouxe pouco de “novo”? Um pouco talvez.

Os temas não são propriamente novos mas a profundidade com que a indústria os desenvolveu começa a ser cada vez mais tangível e a demostrar algumas aplicações práticas que há 2 ou 3 anos atrás já entravam no léxico dos trends futuros mas que eram ainda verdadeiras miragens. Senão vejamos:

Inteligência artificial, robots, carros autónomos, reconhecimento por voz, realidade virtual ou the internet of things, são temas recorrentes, mas talvez este ano estejamos mais próximos do que nunca de um significativo movimento de convergência de todas estas tecnologias, potenciando diferentes áreas do dia-a-dia, facilitando e promovendo a interação com interfaces cada vez mais não dependentes de ecrãs e monitorizando atividades normais do dia-a-dia de forma contínua 24/7.

A indústria move-se de forma significativa para identificar o potencial e prova disso é por exemplo a Amazon, que ganhou terreno na distribuição da sua solução de reconhecimento por voz, ALEXA, sobre a mais direta concorrência do Google com o seu Assistant e da Microsoft com o Cortana. Estima-se que foram lançadas, apenas durante o evento, mais de 700 app’s em vários construtores de eletrónica de consumo que utilizam o sistema ALEXA como forma de interação e controlo por voz de uma cada vez mais conectada Smart Home.

Outra área com movimentos já industriais de incorporação nas cadeias de produção é o sector automóvel, com interessantes desenvolvimentos em termos de condução autónoma, reconhecimento por voz com base em veículos eminentemente elétricos. São exemplo disto diversos construtores como a BMW, com a solução Holo Active Touch System que mais do que trazer um novo carro apresentou um novo interior e interface com um painel sensível e reativo ao movimento; também o novíssimo elétrico Faraday Future FF91 com prestações elevadas; a Ford apresentou a incorporação em produção de série do sistema ALEXA; a Nissan com o Cortana, mas também a Toyota, Honda, Volkswagen e Hyunday apresentaram as suas novidades.

Outro movimento interessante diria ser o dos werables, que depois da febre dos smartwatches se propagou a aparelhos mais pequenos, dissimulados que servem como formas de input e descodificadores de informação em tempo real, como auscultadores perfeitamente integrados no ouvido e que funcionam como tradutores instantâneos, câmaras de vídeo com reconhecimento de informação visual em tempo real, entre muitos outros desenvolvimentos e novidades que brevemente veremos se se traduzem em movimentos da indústria ou mais não são do que exercícios exploratórios, ainda assim fundamentais para trilhar novos desenvolvimentos.

O que tudo isto significa para as marcas é que estão claramente perante uma oportunidade enorme de explorar novos espaços de contacto, novos momentos, que até agora seriam impensáveis!

Num “futuro” que começa cada vez mais a ser “agora”, um condutor de um carro autónomo poderá ter ao seu dispor tempo para consumo de informação e entretenimento ou simplesmente desenvolver outras atividades num período de viagem. As interações humanas com os dispositivos via reconhecimento de voz ou movimento, diminuindo a utilização de displays tácteis deixa de obrigar a uma atenção sobre o aparelho que até agora poderia ser aproveitada como veículo de comunicação. E os espaços de possibilidades dentro de uma casa conectada são também uma realidade a ter em conta.

Entramos num momento em que o contacto constante e privilegiado do smartphone e de dispositivos touchscreen com que cada um de nós numa base diária será igualado, ou mesmo suplantado, por uma variedade de aparelhos do dia-a-dia aos quais nos interligaremos por voz e movimento, atualmente, amanhã por outros estímulos sensoriais. Cabe às marcas, e aos seus parceiros de comunicação, perceber e explorar conteúdos ativados por estas novas possibilidades, por forma a continuarem a veicular não só mensagens relevantes como customizadas.

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Por Pedro Sousa

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