A oportunidade chamada Web Summit

18 de Novembro de 2016 em Opinião,Opinião

A oportunidade chamada Web Summit

Lisboa acolheu nos passados dias 7 a 10 de Novembro a Web Summit, o maior evento de tecnologia, inovação e empreendedorismo da Europa. Contando com a presença de mais de 50 mil visitantes que tiveram a oportunidade de assistir a várias conferências e perceber um pouco melhor os desenvolvimentos mais atuais e as tendências futuras, abordando-se temas desde a inteligência artificial, a automação, criação de conteúdo, ética, entre muitos outros.

Com uma grande presença de Startups, a Web Summit é sem dúvida uma grande oportunidade para apresentar ideias e projetos na tentativa de angariar investidores que os suportem e um momento também muito propício para a troca de ideias e experiências num espírito de verdadeiro networking global.

O mercado nacional assistiu pela primeira vez à presença de alguns dos principais empreendedores, líderes tecnológicos, produtores e criadores de conteúdos que estão neste momento a moldar a forma como a indústria global se adapta a uma realidade cada vez mais complexa, com um consumidor com cada vez maior poder de decisão e com a tecnologia a dar passos largos para ultrapassar as visões mais futuristas do passado.

Com uma enorme variedade e quantidade de palcos, conversas a decorrer em paralelo, apresentações, pitch, etc, a presença no Web Summit obriga a uma organização e seleção prévias sobre o que assistir e daí decorrem necessariamente muitas e diversas experiências Web Summit ou, se quisermos, muitas websummits.

Gostaria de destacar dois de muitos temas possíveis, as eleições Americanas e o “filter bubles” ou “echo chambers”.

Com as eleições presidenciais Americanas a decorrer ao mesmo tempo do evento, o tema foi palpável no ambiente, nas conversas, nas apresentações que foram acontecendo no websummit, desde o dia 8 em que estávamos ainda na véspera da eleição, com discursos apreensivos mas ao mesmo tempo esperançosos pelo resultado final, como nos dias seguintes em que alguma desilusão e dúvida foram bem patentes na grande maioria das conversas e intervenções, mas notou-se claramente um aumento de mensagens de esperança e resiliência à medida que o evento foi avançando. De uma forma ou de outra, as eleições foram (e são ainda no dia de hoje) o tema que passou a servir de exemplo para muitas das questões discutidas, servindo de ilustração ao poder das plataformas sociais, o conteúdo, o impacto da tecnologia na democracia, o poder dos media tradicionais, entre outros.

Numa perspetiva diferente, e debatida no palco Future Societies, mas com repercussão em vários outros fóruns de discussão, esteve em foco o conceito de “filter bubles” ou “echo chambers”.

Numa definição geral podemos dizer que é o resultado das nossas escolhas pessoais no ambiente digital em diversas plataformas e com base nisso passamos a ter sugestões de interesses e conteúdos.

Primeira consequência? Numa perspetiva de interesses pessoais e de oportunidade de comunicação e negócio, a sugestão de informação que vai de encontro às nossas escolhas, ao nosso “perfil” tem resultados positivos: veja-se o exemplo primeiro da Amazon que desde há muitos anos trabalha no sentido de costumizar a experiência de acordo com os nossos interesses e histórico.

Por outro lado e numa perspetiva mais sociológica, antropológica ou se quisermos filosófica, somos de alguma forma afastados de toda a informação que se considera que vai contra as nossas próprias ideias. Ficamos isolados num “universo” de opiniões e escolhas pessoais, de customização, sem contraditório e por isso sem outros pontos de vista que alarguem a escolha, que fomentem a pluralidade e a diversidade intelectual.

Mas, que consequências poderá ter esta questão, para além da questão sociológica e comportamental? De que forma é que esta questão é importante para a área da comunicação?

Umas das consequências diretas é na criação de conteúdos. Começamos a ouvir falar de “counter narratives”, narrativas construídas para precisamente questionar os valores, aquilo que acreditamos, a necessidade cada vez maior de disrupção.

Estes temas são seguramente interessantes e inesgotáveis porque as opiniões e pontos de vista são diversos e estão longe de ser consensuais.

A boa noticia é que para o ano teremos novamente em Lisboa a oportunidade de continuar a falar sobre estes e outros temas que moldam o mercado, a sociedade e o mundo.

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