Em Julho de 2010, em entrevista ao Meios & Publicidade, referi que o negócio das media relations era insuficiente para o que o mercado queria. Importante, sem dúvida, mas sem sustentabilidade.

Os números mais recentes da Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação (APCT) afirmam que os diários generalistas perderam 26 mil exemplares de circulação paga no primeiro semestre de 2012 – e os semanários quase 20 mil. São, por isso, um reforço do desafio que identifiquei há alguns anos e para o qual a consultora que dirijo – GCI – se tem vindo a preparar.

Quando fiz essa afirmação, fui certamente mal percebido. Houve quem dissesse que iria deixar de trabalhar as media relations ou que passava a gerir uma consultora de gestão, por exemplo. Dois anos depois, a consultoria em comunicação e Public Engagement faz, mais do que nunca, sentido.

A inovação, procura de alternativas de comunicação e engagement serão essenciais e indispensáveis ao negócio das Public Relations.

Esta mudança implica algo mais que perceber o óbvio e aceitá-lo. Implica mudar metodologias, formas de trabalhar e investimento em talentos de áreas que, à partida, não fazem muito sentido numa consultora de comunicação. Estou a falar de ambiente, gestão, medicina ou arquitectura. E marketing, claro.

É preciso repensar as consultoras de comunicação, dotá-las de talento para criar conteúdos, serem especialistas e concorrerem com agências de comunicação digital.

Há uns meses, o insuspeito PR Week falava de uma crise nas consultoras britânicas, que tinham cada vez mais dificuldades em assegurar budgets para PR e que estavam a ver as oportunidades de media relations tradicionais a serem “espremidas” (a expressão era “squeezed”).

Já passou o tempo de as consultoras mudarem a forma como trabalham, pensam, se integram e relacionam com as outras disciplinas de marketing. Isto é o presente e está a ser desenvolvido por várias consultoras em todo o mundo. Como a GCI, que continuará a defender o Public Engagement com a mesma inovação e curiosidade de 2010.