O 1.º de Maio do Pingo Doce

2 de maio de 2012

O 1.º de Maio do Pingo Doce

Paula Gustavo, Diretora-Geral da Media Consulting

Analisando objetivamente a iniciativa de ontem e sem entrar nas questões de dumping ou o facto da promoção ocorrer no dia 1 de Maio (dia certamente mal escolhido pelas referências negativas que originou), tratou-se de uma ação promocional agressiva assente no preço. Recordo uma realizada, recentemente, pela Media Markt, em território nacional, com o desconto do IVA (23%) em todos os produtos, incluindo ipads, iphones e afins. E com muitas filas à porta e nas caixas assim como produtos igualmente esgotados.

A campanha do Pingo Doce, ao contrário desta, não recorreu massivamente aos meios tradicionais para publicitar a iniciativa. Optou por uma estratégia de worth to mouth , na véspera, começando-se  a falar  “parece que o sitio do costume amanhã vai ter uma promoção fantástica de 50% de desconto”.

Na atual conjuntura, o Pingo Doce deu aquilo que o consumidor quer e está mais sensível: preço. Quem não gosta de comprar mais barato?

Mesmo desviando-se da estratégia que no último ano tem sido bandeira da marca “sem talões, sem promoções” o que é certo é que a campanha só pecou, a meu ver, pela falta de planeamento e ajustamento do ponto de venda, absolutamente necessários para garantir os melhores resultados da campanha e evitar o caos nas lojas. Apesar de as filas, os produtos esgotados, a confusão no parque de estacionamento não ser muito diferente, por exemplo, de quando é lançado um novo produto da Apple, uma nova coleção de um estilista para a H&M ou de quando começam os saldos na Harrod’s.

Resumindo, a campanha em si foi positiva mas com erros crassos (feriado do dia 1 de Maio e falta de preparação do ponto de venda) estando neste day after, certamente, o gabinete de gestão de crise ativo. Muito ativo.  ASAE, sindicatos, assembleia da república esperam respostas. O consumidor espera saber quando volta o PD a fazer de novo esta iniciativa. Voltará a fazer? De que forma? Com que aprendizagem?

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Comentários (3)

  1. Paula,

    Concordo contigo em alguns pontos, a questão do dumping para mim nem é tema uma vez que o preço tabela dos produtos foi mantido, apenas foi aplicado um desconto comercial depois de facturados.
    Em relação à estratégia da promoção ou não, parece-me que esta acção não muda muito, uma vez que pode ser considerado um evento pontual, não me parece o principal tema a analisar ou não, tal como a data.
    O que realmente para mim merece destaque e mérito é a estratégia que me parece brilhante, o Continente lançou a sua arma mais agressiva dos últimos tempos, na semana passada, 75% de desconto em cartão para gastar 50% em Maio e 25% em Junho. O Grupo Jerónimo Martins conseguiu esvaziar a campanha da Sonae uma vez que com a acção do 1 de Maio esgotou o orçamento das familias, não só este mês, mas do seguinte. Ou seja, estrategicamente genial, assim que o consumidor tem dinheiro fresco, damos-lhe o que procura, e não deixamos margem para os outros players.

  2. Uma campanha que ficará para a história. Apenas a apontar a “falta de planeamento e ajustamento do ponto de venda” que pode ter um peso negativo na imagem global do PD tendo em conta a sociedade ainda de certa forma tradicionalista que temos, nada que não seja novidade noutros países mas por cá exigirá algumas cautelas pela parte da gestão.

  3. Não será “word of mouth”?

    por: Joao,

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