Entrevistas

4 de Fevereiro de 2011 em Entrevistas

Imagens de Marca (IM): Qual o cenário que faz para o planeamento de meios em 2011?
Rogério Canhoto (RC):
Neste momento os cenários são demasiado voláteis para nos permitir ter uma noção clara da evolução que o mercado publicitário nacional terá em 2011.


Na minha perspectiva 2011 será um ano muito táctico, do ponto de vista de investimentos das marcas em função dos resultados de negócio, com especial incidência no primeiro trimestre.


Perspectiva-se muita pressão sobre o accountability dos investimentos efectuados, existindo uma oportunidade óbvia em termos da inovação nos meios, para liderar as abordagens mais diferenciadoras.


Em termos absolutos, qualquer alteração, a acontecer, será ligeira, na medida em que as marcas necessitam manter a sua pressão no mercado nacional. No entanto, e numa perspectiva histórica, a evolução dos investimentos faz com que estejamos a trabalhar sobre referênciais típicos de há cerca de uma década atrás.


 


IM: Quais serão os meios mais penalizados e porquê?
RC:
Prefiro sempre contextualizar o decréscimo de investimento em alguns dos meios como uma evolução, mais do que uma penalização. Ao longo dos últimos anos assistimos ao vincar de algumas tendências nomeadamente em termos de imprensa escrita e do cinema que não constitui qualquer surpresa.


 


IM: Como acha que estes meios podem dar a volta à situação?


RC: O nível de inovação e de dinâmica competitiva que caracteriza o sector dos meios em Portugal, tem reflexos directos na forma como estes dois meios podem encontrar novas formas de inverter esta tendência.


Por um lado procurando formatos inovadores e que possam impactar os consumidores de forma diferenciadora, no caso da imprensa toda a dinâmica gerada pelos tablets poderá constituir uma mais-valia, por outro, pensando numa lógica não convencional existem activação de marcas interessantes que podem recorrer a acções de live marketing, eventualmente dentro dos espaços dos cinemas.


 


IM: O Internet Mozilla e o Google estão a criar as condições técnicas para que os utilizadores só vejam a publicidade se assim o pretenderem. Como analisa esta medida e que repercussões terá no mercado?


RC: Este é claramente um dos temas que mais tinta faz correr nos últimos tempos. No entanto, todas as tools de advertising filtering deixam por responder algumas questões fundamentais para o universo da publicidade, mas também para as várias perspectivas do consumidor.


Por um lado, devemos ter em consideração que o modelo de fornecimento de serviços suportado em publicidade é a base de alguns dos negócios de maior dimensão mundial. Ao subtrair da equação financeira dessas empresas as receitas que podem gerar, qual o modelo a seguir? Será que é sustentável o modelo de fee pago pelo consumidor? Alguns players tentaram esse modelo e não tiveram sucesso.


Por outro lado, será que o consumidor quer abolir por completo a publicidade do seu dia-a-dia? Não me parece! O que o consumidor pretende é que a mensagem, o conteúdo e o formato não sejam intrusivos e que, enquadrem uma mais-valia face as suas necessidades. Neste sentido, parece-me frágil também esta discussão.


Considero que o desenvolvimento de fenómenos de mobile advertising, geo marketing e contextual advertising, vêm dar uma resposta muito mais interessante a esta problemática, criando diálogos relevantes entre as marcas e os consumidores, ao mesmo tempo que reforçam a eficácia da publicidade e diminuem o nível de intrusão, adaptando a mensagem a cada contexto em que o consumidor se encontra.

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