O que une os Portugueses?

22 de março de 2014

O que une os Portugueses?

Foi, esta semana, apresentado o estudo “Perceções sobre a União dos Portugueses”, que revela que 60% dos cidadãos tem orgulho em ser português, mas sente “embaraço e vergonha no sistema económico e político atual”. A história do país, os feitos científicos e tecnológicos, os feitos desportivos, as artes e literatura são os maiores motivos de orgulho para os portugueses.

84% dos portugueses inquiridos dizem-se muito ligados a Portugal, contra apenas 6% que afirmam pouco ou nada sentirem uma ligação ao país em que nasceram. Desta forma, segundo o estudo, Portugal tem uma população percebida como “relativamente unida”, onde 44% dos cidadãos nacionais se afirmam “muito unidos”, contra 32% que dizem ser “nem muito nem pouco unidos” e 24% que se afirmam pouco unidos.

A pesquisa, realizada pela Universidade Católica Portuguesa, em parceria com a Câmara do Comércio e Indústria Portuguesa, pretendia responder às questões “Serão os portugueses muito ou pouco unidos?” e “em torno de quê?”, de forma a conhecer o grau de união e envolvimento dos portugueses.

Fatores de união

A solidariedade, os laços familiares e o facto de falar a mesma língua são apontadas como as características que mais contribuem para unir os portugueses. Mas também o desporto e as mesmas crenças religiosas, por exemplo, são fatores decisivos nesta questão.

Para 43% da amostra, a bandeira nacional é o elemento que melhor define a imagem do país, assim como Fátima e o Fado. Os inquiridos que identificaram estes elementos estão no grupo dos mais velhos e com menos  grau de escolaridade. Os mais jovens e mais escolarizados identificaram a gastronomia e “sol e praias” como os símbolos que melhor representam a identidade de Portugal.

Eventos e Causas

São os eventos desportivos internacionais (67%), os festivais de música (61%) e eventos religiosos (57%) e culturais (37%) os acontecimentos que, para os questionados, promovem união entre os portugueses na esfera do lazer e entretenimento.

A união, vista como um fenómeno extraordinário, constrói-se em torno de eventos fortemente mediatizados, como Expo 1998 e Euro 2004, que traduziram “a capacidade de organização e de mostrar os outros as qualidade de ser português”, segundo conclui o estudo. Para a faixa etária dos 26 aos 35 anos, a conclusão foi que “O Euro 2004 não é uma coisa triste, foi uma coisa que correu muito bem”, pois apesar de Portugal não ter ganho o campeonato, provocou um grande sentimento de união entre os portugueses.

Já a união como fenómeno do quotidiano é organizada em torno de necessidades básicas, ancorada a um nível local e mais próxima do quotidiano, das preocupações do dia-a-dia familiar. A nível individual, 50% dos inquiridos é importante ir a uma cerimónia religiosa, para 45% tem peso ir à festa anual do local onde nasceu e 31% diz que para si é importante ir a uma manifestação.

Dentro do grupo de acontecimentos históricos que marcaram os portugueses, em primeiro lugar, está o 25 de Abril de 1974, para 84% dos inquiridos, sendo um momento que traduz a “capacidade de mudança do país”. Para 77%, são os Descobrimentos, o grande momento de união dos portugueses, por traduzirem a “capacidade de empreender missões desafiantes com coragem e determinação”. Já a Libertação de Timor Leste, em 1999, é para 59% da amostra, um importante elemento de memória coletiva que retrata a união portuguesa.

O que seria necessário fazer para que os portugueses agissem mais em favor de causas comuns?

Para 48% dos portugueses questionados, teria que existir uma maior transparência politica, para 36% uma maior igualdade de direitos e para 32% mais justiça da distribuição de impostos. O Combate à pobreza, melhorar o sistema de saúde, atenuar desigualdades económicas e sociais são as áreas apontadas como aquelas onde os portugueses se deveriam unir mais, sabendo que “a união faz a força” e que se todos batalharem para o mesmo, melhores resultados conseguem concretizar-se.

Para a realização deste estudo foram encontrados três grupos de foco, separando as faixas etárias dos 18 aos 25, dos 26 aos 35 e dos 36 aos 49 anos, a quem foi feito um inquérito por questionário a uma amostra de 1142 indivíduos, residentes em Portugal Continental, considerados amostra representativa. O inquérito foi realizado pelo CESOP (Centro de Sondagens da Universidade Católica) e pela Ipsos Apeme, entre 15 a 17 de fevereiro de 2014.

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Jornalista: Sandra Pinto Barata

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