17 de abril de 2013

As tendências de consumo no 1º trimestre do ano

A Kantar Worldpanel, empresa de research e consultoria, em parceria com a Alimentaria (Salão Internacional de Alimentação, Hotelaria e Tecnologia para a Industria Alimentar), organizou o “Congresso do Consumidor”, que teve lugar ontem, na FIL, em Lisboa. Dentro do programa destaca-se a apresentação de dois estudos, desenvolvidos pela Kantar Worldpanel.

O primeiro, intitulado “Tendências Shopper & Retail em Portugal, 1º Trimestre de 2013”, centra-se no comportamento do consumidor português no primeiro trimestre do ano e em perceber quais são as grandes tendências do consumidor no grande consumo. Verifica-se um ajustamento desse consumidor à realidade económica, registando-se quebras no consumo não só fora de casa, como já se havia falado, mas agora também dentro de casa, como nos explica Paulo Caldeira, Diretor de Marketing da Kantar Worldpanel.

Desta forma, alguns produtos que antes eram considerados básicos no carrinho de compras, estão a registar quebras de consumo, como por exemplo, iogurtes, ice tea’s e produtos de maquilhagem. “Pelo contrário, a área da comida para levar para casa, produtos frescos e até ingredientes para sobremesas como farinha, fermento e leite condensado, representam áreas que estão a crescer”, garante Paulo Caldeira.

Segundo o estudo, a crise afeta os lares mais desprotegidos com famílias monoparentais, famílias com muitos filhos ou desempregados. Estas tendências enquadram-se dentro daquilo que o Diretor de Marketing da Kantar Worldpanel entende como o “novo normal”, e explica “Podemos considerar que não estamos em crise, estamos é numa nova situação, que não é uma crise pontual que vai demorar alguns meses, mas sim um novo estado do consumidor, em que agora vamos manter-nos assim durante algum tempo. Ou seja, vamos refletir mais a compra, vamos fazer as compras de uma forma mais informada e mais sustentada, descriminando aquilo que não é essencial”.

Dentro do mesmo estudo houve ainda tempo para falar de como têm lidado as marcas com estas mudanças de comportamento do consumidor. Paulo Caldeira conclui que “estas mudanças não fazem mais do que criar novas oportunidades. E os fabricantes e distribuidores que mais rapidamente se ajustarem aquilo que é a dinâmica do consumidor e aos que eles mais querem, maior possibilidade de sucesso terão”. Segundo a mesma fonte, o Pingo Doce foi a única insígnia que conseguiu ganhar quota de mercado no primeiro trimestre do ano, dentro da área de consumo dos lares. “Foi a que atraiu mais consumidores, maior frequência de compra e conseguiu maior fidelização do gasto na insígnia. Nestas quatro variáveis conseguiu progredir positivamente, mais que qualquer outra insígnia”, refere Paulo Caldeira.

congressoconsumidor_logoNo painel de oradores sobre os desafios do grande consumo face ao consumidor, António Casanova, Presidente Executivo da Unilever, afirma que houve uma descida do preço médio dos produtos, assim como o lançamento de produtos mais baratos. Casanova acredita que a quebra de consumo vai continuar nos próximos 2 ou 3 anos. António Rousseau, do Fórum do Consumo, afirma que a indústria faz bem em baixar o preço médio dos produtos e acredita que as promoções contribuíram para que a quebra do consumo no último ano não fosse tão acentuada.

O segundo estudo apresentado baseava-se nos “Hábitos Alimentares dos Portugueses”, em como ter uma alimentação equilibrada na crise e que desafios em termos nutricionais os fabricantes e distribuidores devem superar para ajudar a boa nutrição dos portugueses na presente conjuntura. De acordo com dados apresentados, os mais impactados pela crise invertem as recomendações da pirâmide dos alimentos, ou seja, consomem mais batatas, bolachas, carnes, salgados, molhos como ketchup e maionese e pizza congelada, por exemplo, em vez de legumes e verduras, fruta, peixe congelado e fresco.

O resto do dia contou ainda com outras intervenções sobre casos de Shopper Intelligence em Portugal, sobre as características dos consumidores em países emergentes, como China, Indonésia, Brasil, Colômbia e México e ainda a apresentação de três casos de internacionalização de sucesso em português, com casos de estudo como a Sogrape, a Vitacress e a Fruta do Oeste.

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Jornalista: Sandra Barata; Imagem: João Ricardo Pinto; Edição: Rui Rodrigues

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